É a terceira vez que a Fraternidade Sacerdotal de São Pio X (FSSPX) junta fiéis e sacerdotes de todo o mundo em Fátima. Desta vez, será a maior peregrinação organizada pela fraternidade ao nosso país. Reúnem-se em Fátima, sábado e domingo, cerca de 10 mil pessoas, naquela que os próprios consideram ser a maior peregrinação do centenário..Em resposta ao DN, a fraternidade explica que "existem delegações de cada um dos 60 países onde a FSSPX está implantada, nos cinco continentes, sendo os principais países representados: Portugal, Espanha, França, EUA, Alemanha, Suíça, Bélgica, Canadá, Argentina e Brasil". A fraternidade é responsável pela formação de sacerdotes católicos e defende os rituais religiosos tradicionais, anteriores ao Concílio Vaticano II (1962-1965). No comunicado que anuncia a peregrinação, explicam que esta tem como objetivo "reunir os fiéis numa jornada de oração e reparação, a fim de solicitar, aos dois Corações de Jesus e Maria, socorro para a Igreja Católica no nosso tempo e para a sua missão de salvar almas"..O grupo começa a reunir-se por volta do meio dia no sábado e cerca de 200 pessoas vão chegar a pé, vindas de Santiago de Compostela (Espanha). O primeiro momento do programa será uma missa no Santuário, marcada para as 17.00. O encerramento da peregrinação está marcado para o terço rezado às 15.00 de domingo. De manhã, a missa será celebrada pelo superior geral da FSSPX, monsenhor Bernard Fellay..A acompanhar os fiéis vão estar mais de 100 dos 615 padres da congregação, fundada em 1970 na Suíça, cerca de 150 dos seus 215 seminaristas e dos três bispos da FSSPX, o suíço Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais (França) e Alfonso de Galarreta (Espanha)..A Fraternidade já esteve em Fátima por três vezes. Em 1987, na qual esteve presente o fundador, o arcebispo Marcel Lefèbvre, em 1997 e em 2005. Outras peregrinações de dimensão semelhante tiveram como destino Lourdes e Roma, esta última no ano 2000, referiu a fraternidade ao DN..O movimento que agora visita Fátima descreve-se como "o bastião da tradição católica", que experimenta "dificuldades com Roma em virtude do seu não acatamento do Concílio Vaticano II"..Recorde-se que têm existido conversações com o Vaticano para que a posição da Fraternidade dentro da Igreja seja definida. O Papa Bento XVI tinha proposto, em 2012, que fosse criada uma prelatura pessoal, mas esta recusou essa solução. Já este ano, o Papa Francisco esteve reunido com Bernard Fellay, em privado..Nos últimos sinais dados por Roma, os sacerdotes da FSSPX foram autorizados pelo Papa a confessar os católicos e a celebrar matrimónios. Neste momento, a fraternidade está numa situação canónica em que não pode celebrar os sacramentos da Eucaristia, Batismo e Confirmação..A FSSPX defende o rito da missa anterior ao Concílio Vaticano II, é contra a liberdade religiosa e o ecumenismo. Considerando que o Concíli aproximou a Igreja Católica de uma influência protestante e maçónica, afastando-a da tradição..O próprio fundador da Fraternidade explica, em alguns documentos, os "três erros fundamentais, de origem maçónica, que os modernistas que ocupam a Igreja professam publicamente". São eles a substituição dos mandamentos pelos Direitos do Homem (onde se fala na liberdade religiosa), o falso ecumenismo que estabelece, na prática, a igualdade das religiões e a negação do reinado social de Jesus Cristo..Esta visão mais conservadora da da Igreja, tem conquistado fiéis, garante a FSSPX. "É uma realidade em crescimento constante, com numerosas vocações" e que apresenta a Igreja Católica como um "panorama cheio de vitalidade, que era típico do catolicismo antes da sua adaptação conciliar ao mundo contemporâneo". Para a Fraternidade, os papas que se seguiram ao concílio não representam a Igreja Católica, tendo-se afastado da tradição..A principal missão da FSSPX é a formação de sacerdotes, mas tem também escolas do ensino básico ao secundário, duas universidades e sete casas de exercícios espirituais e de repouso para idosos. Fundada em 1970, a Fraternidade tem sede em Menzingen, na Suíça. As regiões do mundo em que está presente estão divididas em distritos que, em 2014, eram 14: África, Alemanha, América do Sul, Ásia, Austrália, Áustria, Bélgica e Holanda, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, México e América Central, Reino Unido e Irlanda, Suíça.