Crueldade só similar à do "Mata Sete"
Rui Abrunhosa Gonçalves, psicólogo forense, define o alegado quádruplo homicida de Barcelos como um "assassino em massa encadeado ou spree killer na terminologia norte-americana". São homicidas que matam "em dois ou mais locais e na mesma altura". "O que o torna diferente de um assassino em massa é que estas vítimas tinham uma ligação entre elas e ele não as matou todas no mesmo local", explica Rui Abrunhosa Gonçalves.
Adelino Briote, 62 anos, o alegado homicida que confessou os crimes, é muito "sui géneris" no contexto português. Para o ex-coordenador de investigação criminal da secção de Homicídios da Polícia Juciidária, António Teixeira, o mais surpreendente foi a "crueldade" exercida sobre pessoas que "foram testemunhas contra si num processo de violência doméstica", o que até pode ser desencorajor em casos similares, dada a "dificuldade de encontrar testemunhas para as vítimas e a morosidade destes processos", alertou. "Estamos a falar de um indivíduo que foi, armado com uma faca, à procura das pessoas, vítima por vítima. Matou por vingança e fê-lo com uma violência inacreditável. Foi preciso pegar nas vítimas e desferir o golpe no pescoço. É de uma crueldade fora do comum", avalia António Teixeira. "Estou convencido de que a sua ex-mulher e a filha, que foram viver para o estrangeiro, não seriam poupadas se ainda vivessem naquela localidade".
Para este antigo inspetor, que passou mais de 30 anos da sua vida a investigar homicídios, o caso só tem um equivalente, em Portugal: Vítor Jorge, que ficou conhecido como o "Mata Sete" ou o "assassino da Praia do Osso da Baleia". O caso, que completou este ano 30 anos, aconteceu a 4 de março de 1987, de madrugada, quando Vítor Jorge, munido de uma caçadeira e de uma faca de mato, matou a tiro, na praia do Osso da Baleia (Leiria), cinco pessoas com quem tinha estado numa festa de aniversário - sendo uma delas Leonor, a sua paixão não correspondida - e depois foi a casa e montou uma emboscada à mulher e à filha mais velha, que assassinou à facada.
No caso de Barcelos, Rui Abrunhosa Gonçalves considera que terá havido "premeditação" porque "o homicida "já teria proferido ameaças nesse sentido". Destaca também que os crimes mostraram "muita raiva" e que só depois de uma perícia se pode avaliar se o autor é imputável. O "Mata Sete" foi julgado como são