Visita à Grécia desbloqueia vinda de mais refugiados

Primeiro-ministro. Costa vai hoje a campo grego. Conselho para os Refugiados espera que processo acelere a partir desta semana
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Mais de 250 de migrantes ficaram ontem feridos, em confrontos com a polícia macedónia, depois de terem forçado a barreira do campo de refugiados de Idomeni, no norte da Grécia, com o objetivo de atravessarem a fronteira para a Macedónia. Está fechada desde o início de março por causa do bloqueio à chamada Rota das Balcãs. No mesmo dia, o primeiro-ministro António Costa viajou para Grécia, numa visita oficial onde hoje se irá reunir com o primeiro-ministro Alexis Tsipras, e que deverá desbloquear a vinda de mais refugiados para Portugal.

Até ao momento chegaram 160. Foram acolhidos pelo Conselho Português para os Refugiados (CPR), Misericórdias, Cruz vermelha e Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR). Poucos, quando se sabe que todos os dias chegam centenas à Grécia e Turquia. A presidente do CPR, espera que a partir de agora o processo se torne mais ágil. "Espera-se que a partir da próxima semana, com a visita do primeiro-ministro e a deslocação de um grupo de 34 inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras à Grécia, comecem a chegar todas as semanas um ou dois voos com recolocados a partir da Grécia e Itália e que se possa agilizar o programa de reinstalação de refugiados da Turquia", diz ao DN Teresa Tito de Morais.

Este último é um processo mais complexo - a reintegração refere-se a países fora da Europa - que demora em média oito meses. O acordo entre a União Europeia e a Turquia está em marcha, mas decorre com dificuldades sobretudo por causa do elevado número de crianças não acompanhadas e dos jovens que podem estar mais suscetíveis a redes de máfia, como aponta à Lusa a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques.

Disponíveis para receber 10 mil

Hoje António Costa visita o campo de refugiados de Eleonas, por onde vai passar a tocha olímpica a caminho do Rio de Janeiro. Fica a cinco quilómetros da capital grega e é considerado um dos melhores do país pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Pode acolher cerca de 700 refugiados, tem 66 casas prefabricadas, casa de banho, parque infantil, entrega regular de alimentos e médicos. A visita servirá para o primeiro-ministro português - viajou acompanhado pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Administração Interna - reafirmar que Portugal está disponível para receber mais refugiados: cerca de 10 mil, o dobro da quota inicial.

"É um desafio muito grande, mas há capacidade se todos trabalharmos de forma articulada. Isso obriga a criar no país uma resposta partilhada em todas as regiões, sobretudo nas mais desertificadas. Acredito que Portugal está à altura e acho que há uma grande sensibilidade", afirma Teresa Tito de Morais, referindo que se "a integração for suave e os resultados mostrados, irá correr bem".

O sonho olímpico

É cedo para saber quantas pessoas poderão chegar nos próximos voos, mas o balanço das que já cá estão é positivo. "Temos 19 pessoas em Guimarães, onde tem havido um trabalho de integração muito importante e com duas jovens a terem promessa de contrato numa cadeia de fast food. Realço os dez casos recebido no Inatel em Oeiras, com uma perspetiva de rapidamente começarem a ter uma ocupação e dois casos de senhoras que precisavam de hemodiálise e já têm um centro perto da residência para fazer o tratamento. As crianças já estão registadas nas escolas", conta a presidente do CPR.

"Em Sintra, a experiência também está a correr muito bem, com uma família em que o casal o que mais queria fazer era taekwondo (arte marcial). Sobretudo o homem, que já fazia. Temos um protocolo com o Comité Olímpico Português, que além de facilitar a prática do desporto, comprou-lhes equipamento. Uma das ideias do Comité Olímpico Internacional é dar aos refugiados, que se consigam qualificar, de ir aos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em representação de uma equipa de refugiados. Não sabemos se conseguirão ter os tempos ou a experiência", diz Teresa Tito de Morais. O Comité Internacional já selecionou pelo menos 43 potenciais candidatos. Refugiados acolhidos em vários países.

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