O ensino público exclui os alunos que optam por não participar em cerimónias religiosas organizadas em horário letivo, acusa a Associação República e Laicidade. Tanto o Ministério da Educação como as escolas, em especial na região norte, invocam a "tradição enraizada" nas comunidades "esmagadoramente católicas" onde se inserem para justificar a realização das cerimónias católicas.."A escola é para educar, não é para coagir os alunos que são, desta forma, excluídos por não terem uma religião. O papel da escola devia ser integrar, não excluir", argumenta Ricardo Alves, da Associação República e Laicidade, noticia o JN na sua edição desta sexta-feira.."Se é uma tradição, pode ser feita fora da escola. Misturar isso nas atividades letivas é perfeitamente inaceitável", contrapõe Ricardo Alves ao JN..A Constituição diz que "o Estado não pode programar a educação e a cultura segundo quaisquer diretrizes filosóficas, estéticas, políticas, ideológicas ou religiosas", pelo que "o ensino público não será confessional"..A Associação Ateísta Portuguesa (AAP), ouvida pelo DN, também se insurge, pois "os direitos fundamentais, como o de ter uma religião diferente ou não ter sequer uma, existem para proteger as minorias"..Invocar a tradição, continua o presidente da AAP, Luís Rodrigues, corresponde a dizer que "uma posição por ser maioritária deve ser imposta aos outros e isso é absolutamente nazi".."Vivemos num país que é constitucionalmente laico, que tem uma posição neutra sobre a religião, ao contrário do antigo regime", enfatiza Luís Rodrigues.