Primeiro implante de coração artificial bem sucedido em Portugal
O primeiro implante de um coração artificial realizado com sucesso em Portugal foi feito no hospital de Santa Marta, em Lisboa, anunciou esta terça-feira o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
A cirurgia foi realizada ontem, num homem de 64 anos que sofre de doença renal grave, o que impedia um transplante com coração de dador. O doente recebeu uma máquina que fica alojada no tórax e tem apenas uma ligação com o exterior, explicou hoje o médico José Fragata, responsável da cirurgia cardiotorácica do Hospital de Santa Marta, em conferência de imprensa.
O cardiologista explicou que na transplantação são usados fármacos para manter a imunidade do doente controlada, para não haver rejeição do órgão, e que estes fármacos fazem mal aos rins, razão pela qual, como o doente já tinha um problema renal, se optou por um implante.
A operação durou três horas e foi feita em colaboração com um hospital de Leipzig, na Alemanha. Segundo José Fragata, já foram feitos cerca de vinte implantes em Espanha, mas em Portugal nunca se tinha feito nenhum. "Ficamos muito contentes com as primeiras vezes, mas o objetivo é continuar", disse o cardiologista, acrescentando que há em Portugal 20 a 30 pessoas à espera de transplante de coração e que, destas, seis podem ser candidatas a esta operação.
Este doente, que está consciente e que hoje já recebeu visitas, juntou-se assim aos 1200 que em todo o mundo receberam um coração artificial desta geração e que chegam a viver 11 a 12 anos.
Trata-se de "uma bomba muito diferenciada, que funciona por levitação magnética, aspira o sangue da ponta esquerda do coração e injeta na aorta e que está ligada por uma 'drive line' que sai pela parede abdominal do doente e que se liga a um conjunto de baterias", explicou José Fragata. Segundo o cirurgião, "é como um telemóvel que tem carga de 17 horas e que à noite é preciso ligar a um carregador".
O ministro considerou esta cirurgia como um "facto inédito". Adalberto Campos Fernandes fez o anúncio durante a 6.ª Conferência "Sustentabilidade na saúde 4.0 - Investimento em saúde e impacto na vida laboral", que decorre em Lisboa.