O juiz Nuno Tomás Cardoso foi um dos seis magistrados judiciais que pediu para estar escalado para o reforço de turnos que é sempre necessário em altura de férias judiciais antes de um período eleitoral. Mais:pediu especificamente para estar de turno nos primeiros dias de agosto no Tribunal de Oeiras, apesar de estar colocado em Sintra. Ambos os tribunais - Sintra e Oeiras - pertencem à mesma comarca de Lisboa Oeste. O DN falou com a juíza que gere os magistrados da comarca, a juíza presidente Rosa Vasconcelos, que garantiu ao DN que isso aconteceu. "Foram vários os magistrados que se disponibilizaram e neste caso concreto, o Dr. Nuno Tomás Cardoso pediu para ficar neste período até dia 8 de agosto em Oeiras porque julgo ser mais perto da sua residência", explicou ao DN..Ao DN, o vice-presidente do Conselho Superior da Magistratura, Mário Belo Morgado explicou que "em face da necessidade de tramitar os processos eleitorais, tornou-se imperativo proceder ao reforço do número de juízes normalmente escalados para os turnos". Acrescentou ainda que "para o efeito, averiguou-se da disponibilidade dos juízes das diferentes comarcas para o serviço, sendo que na comarca em causa foram seis aqueles que manifestaram tal disponibilidade, incluindo o Dr. Nuno Tomás Cardoso. Em resultado da escala de turnos assim elaborada, o magistrado judicial em questão era o competente para proferir decisão no processo eleitoral, no dia em que tal ocorreu"..O Tribunal de Oeiras rejeitou, na terça-feira, a candidatura de Isaltino Morais pelo movimento Inovar - Isaltino Oeiras de Volta por irregularidades na apresentação das listas de candidatos..No mesmo dia, Isaltino Morais convocou uma conferência de imprensa para garantir que cumpriu "escrupulosamente a lei" e questionou a imparcialidade do juiz Nuno Cardoso, por "relações de amizade e familiares" a Paulo Vistas que, segundo disse, foi seu padrinho de casamento..Questionado pela Lusa sobre as acusações de Isaltino Morais, Paulo Vistas recusou prestar qualquer esclarecimento, mas escreveu no Facebook que entende a política de forma transparente e que nunca negou gratidão a quem serviu Oeiras, numa referência ao seu antecessor na câmara.."Sempre lhe dediquei o reconhecimento e solidariedade devidos porque na política, como na vida, a gratidão é um dever. Infelizmente, por factos que me são totalmente alheios, o meu caráter foi atacado de forma leviana sem qualquer verdade ou fundamento", lê-se na nota..Paulo Vistas acusa Isaltino Morais de o ter difamado e sublinha que "uma decisão judicial não pode justificar a leviandade das insinuações" feitas por alguém que, em sua opinião, "já perdeu todos os argumentos legais".."Fui atacado na minha honra pela mesma pessoa por quem, durante anos, batalhei por defender a sua. A independência do poder judicial é um pilar da nossa sociedade. A seriedade e o caráter dos magistrados só pode ser posta em causa por quem já perdeu todos os argumentos legais", lê-se..O atual presidente da câmara considera que a "forma mesquinha" manifestada pelo seu antecessor afasta os cidadãos da política.