Trump ataca o homem que ele próprio escolheu para procurador-geral

Presidente disse ao The New York Times que fez um favor ao país ao despedir James Comey do cargo de diretor do FBI
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O verniz estalou entre Donald Trump e o homem que ele escolheu para procurador-geral. Em entrevista ao The New York Times, o presidente dos EUA admitiu que não teria escolhido Jeff Sessions para o cargo se soubesse que ele iria pedir escusa - o que aconteceu em março - de todas as investigações do FBI relacionadas com alegadas ligações de Trump com a Rússia.

"Aceitou o cargo e logo a seguir pediu escusa. Nunca deveria ter pedido escusa. E, se ia fazê-lo, deveria ter-me dito antes de aceitar o cargo e eu então teria escolhido outra pessoa", disse Trump aos três jornalistas que se sentaram com ele durante 50 minutos na Sala Oval. Trump acrescentou ainda que a atitude de Jeff Sessions foi muito "injusta".

Apesar das duras críticas de Donald Trump, Sessions garantiu que pretende continuar no cargo. "Adoramos o nosso trabalho e adoramos o nosso departamento. A minha intenção é continuar enquanto for apropriado", afirmou o procurador-geral numa conferência de imprensa ladeado por Rod Rosenstein, o seu adjunto, e por Andrew McCabe, diretor interino do FBI. Sessions foi o primeiro senador a apoiar oficialmente a candidatura de Donald Trump à presidência dos EUA.

O presidente dos EUA criticou também a prestação do procurador-geral durante a sua audição no senado. Sessions garantiu que não tinha tido quaisquer contactos com a Rússia durante a campanha eleitoral, apesar de ter estado em dois encontros com o embaixador russo em Washington, Sergey Kislyak. "Deu respostas muito más. As perguntas eram simples e as respostas deviam ter sido simples, mas não foram."

Greg Sargent, analista político, escreve no The Washington Post que a entrevista é "preocupante" porque, entre outras coisas, mostra que Trump não entende a necessidade de uma investigação que siga as regras. "Era óbvio que Sessions não podia presidir a uma investigação imparcial", sublinha.

Rod Rosenstein também não escapou aos ataques de Trump. Em maio, o procurador-geral adjunto recomendou a Donald Trump o despedimento de James Comey, então diretor do FBI, demissão essa que muitos apontam como uma tentativa de obstrução à justiça por parte do presidente. Trump, no entanto, chama a atenção de que foi Rosenstein - depois da escusa de Sessions - a nomear Robert Mueller para dirigir as investigações relacionadas com a Rússia, incluindo a possível obstrução à justiça. "Está aí um conflito de interesses", disse Trump ao The New York Times. Sobre o despedimento de James Comey, Trump disse que fez um favor aos norte-americanos .

Donald Trump foi também questionado sobre o segundo encontro (este não oficial) que teve com o presidente russo, Vladimir Putin, durante a cimeira do G20 que decorreu em Hamburgo, Alemanha, no início do mês. O presidente dos EUA explicou que a primeira-dama norte-americana, Melania Trump, tinha ficado sentada ao lado de Putin e que antes da sobremesa ele levantou-se e deslocou-se até junto dos dois. De acordo com o que o presidente dos EUA conta na entrevista, os dois líderes terão falado durante cerca de 15 minutos sobre algumas "trivialidades" e sobre adoção. Em 2012, o líder russo proibiu a adoção de crianças russas por norte-americanos depois de os EUA terem imposto sanções a Moscovo por alegadas violações dos direitos humanos.

Trump considerou "interessante" que esse tópico tenha vindo à baila, uma vez que esse também foi um dos temas discutidos pelo seu filho Donald Trump Jr. nos encontros que teve com enviados russos durante a campanha eleitoral.

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