Trabalhadores franceses ganharam o "direito a desligar". Mas vai funcionar?

Segundo um estudo feito em França, 37% dos trabalhadores utilizam ferramentas digitais fora do tempo de trabalho
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E-mails ao fim de semana, telefonemas e mensagens de trabalho à noite? Os trabalhadores franceses têm direito a não responder, ou seja, ganharam o "direito a desligar" do trabalho, segundo a nova legislação, que entrou em vigor com o novo ano. Pelo menos em teoria, porque o código do trabalho não especifica como é que este direito será implementado.

Nas empresas com mais de 50 empregados, a lei obriga a negociar e implementar "instrumentos de regulação das ferramentas digitais" para assegurar "o respeito pelos tempos de descanso" e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal e familiar.

Se não existir um acordo coletivo, segundo a legislação, "o empregador deve elaborar uma carta, após consultar a comissão de trabalhadores ou, caso esta não exista, os delegados do pessoal. A carta define os procedimentos para o exercício do direito a desligar e prevê a aplicação, para os funcionários e quadros superiores e de direção, de formação e campanhas de sensibilização para o uso razoável de ferramentas digitais".

A introdução deste "direito a desligar" no código do trabalho é uma inovação a nível mundial, mas os especialistas preveem algumas dificuldades, já que há muitos fatores que contribuem para que os trabalhadores se sintam pressionados a responder a uma mensagem fora do horário de trabalho: da pressão das chefias à ambição profissional.

Segundo um estudo de setembro do ano passado, em França, 37% dos trabalhadores utilizam ferramentas digitais fora do tempo de trabalho.

A ideia baseou-se num relatório de Bruno Mettling, diretor-adjunto da gigante de telecomunicações Orange, com a pasta dos recursos humanos. O relatório do diretor da Orange dava o exemplo da Volkswagen, que instaurou um dispositivo nos servidores para dar descanso aos telemóveis a partir das 18.15 e até 7.00 da manhã.

Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, 70% dos adultos portugueses acedem regularmente à internet e destes 78% fazem-no através do telemóvel e 73% de um computador portátil - o que significa que estão sempre, potencialmente, "ligados".

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