A votação do relatório com o pedido de destituição de Dilma Rousseff começou esta quarta-feira no Senado brasileiro perto das 10.00 da manhã locais (14.00 em Lisboa). Doze horas depois, 34 - metade dos inscritos - tinham falado. E só oito apoiaram o Governo. O jornal Estadão estimou que a sessão só terminasse pelas 7:00 (11 da manhã em Lisboa) desta quinta-feira..Se mais de metade dos senadores presentes votarem a favor deste relatório, que é o que indicam as intenções de voto declaradas pelos deputados, a presidente será afastada do cargo durante seis meses para ser julgada, e será substituída pelo vice-presidente, Michel Temer. No Palácio do Planalto, sede dos gabinetes da presidência brasileira, o clima é "de desolação", escreve um jornalista da Folha de São Paulo..Esta sessão do Senado serve para votar o relatório favorável à admissibilidade do processo contra Dilma Rousseff - que foi aprovado sexta-feira na comissão especial do Senado para esse efeito, por 15 votos a favor e cinco contra..Veja abaixo o vídeo da sessão em direto, a ser transmitido pela TV Senado no YouTube..[twitter:730430412904894464].Os trabalhos foram interrompidos para o almoço durante quase duas horas. Até ao momento da interrupção, apenas cinco dos 68 senadores inscritos para discursar tinham falado. Quando o presidente do Senado, Renan Calheiros, voltou para reabrir a sessão e foi criticado pelo atraso de quase uma hora, brincou: "Não podemos apressar a história"..Depois de todos os 68 inscritos falarem, o relator da Comissão Especial, Antônio Anastasia, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, que defende Dilma Rousseff, disporão cada um de também 15 minutos para a respetiva intervenção. A segunda fase será a votação eletrónica do relatório: os senadores poderão votar "sim", "não" ou abster-se por painel eletrónico, e, após a conclusão da votação, será divulgado o voto de cada um..O "sim" ao afastamento de Dilma deverá vencer.Os jornais brasileiros preveem que o "sim" ao relatório consiga mais do que os 41 votos necessários para ser aprovado no Senado. A aprovação deste relatório resultará em que Dilma Rousseff seja suspensa por um período máximo de 180 dias para ser julgada no Senado..O jornal Estadão divulgou o gráfico abaixo relativamente a um levantamento das intenções declaradas de voto dos senadores. 51 declararam que tencionam votar a favor. O presidente do Senado só será chamado a votar em caso de empate..[twitter:730441564057698304].Na sua intervenção, o senador Magno Malta, do PR-ES, o nono senador do dia a discursar, afirmou que votaria a favor do relatório da Comissão Especial, defendendo: "O país é hoje como um corpo febril, diabético, com uma perna cheia de gangrena pronta a ser amputada". Comparando assim a presidente cujo processo de impeachment se prepara para aprovar, Malta acrescentou: "Esse país febril vai ter restituída sua saúde e suas energias no momento em que, de forma corajosa, amputarmos a perna apodrecida"..O primeiro senador a falar a favor da presidente foi o 12.º a discursar, Telmário Mota, do PDT-RR. "Não vamos deixar o povo brasileiro ser enganado. Estou vendo que a presidente Dilma está sendo tirada por uma grande injustiça", disse. "'Tchau, querida' é tchau à democracia e às urnas"..[twitter:730479366346579968].O afastamento da presidente é tão certo, porém, que Dilma já esvaziou o gabinete no Palácio do Planalto e já se planeiam as despedidas. O jornal A Folha de São Paulo escreve que Lula da Silva deverá encontrar-se com a presidente quando esta sair, pela última vez antes da suspensão de até seis meses do cargo, do edifício onde se encontram os gabinetes da presidência brasileira..[twitter:730477614431768577].No Palácio do Planalto, escreve o jornalista Bernardo Mello Franco do mesmo jornal: "Clima de desolação. Salões e corredores desertos, funcionários arrumando gavetas e fazendo reuniões de despedida"..A presidente deverá gravar esta quarta-feira uma declaração ao país acerca do impeachment, que, segundo A Folha, seguirá o tom que o governo e os seus defensores têm adotado desde o princípio do processo: que se trata de um golpe e que o governo acredita que o processo não sobreviverá à fase de julgamento no Senado presidido por um juiz do Supremo Tribunal Federal..Fase de discussão pode terminar mais cedo por requerimento.Há 68 senadores inscritos para discursar nesta sessão, dos 81 que compõem a câmara alta do parlamento brasileiro. Estes discursos não constituem ainda a votação, que só se realiza após a fase de discussão. No entanto, ainda antes do início da fase de discussão, o presidente do Senado, Renan Calheiros, fez aquilo a que o jornal Estadão chamou uma "ameaça velada": relembrou que a fase de discussão pode terminar mais cedo, sem que todos os deputados inscritos tenham falado, se for aprovado pelos senadores um requerimento para acabar pelos debates.."Eu quero só lembrar aos senadores que, à medida que esta sessão se estenda (...) se for o caso, eu aceitarei requerimento para que nós possamos encerrar a discussão e passarmos à votação", afirmou. Um requerimento neste sentido aprovado pelos senadores em plenário significaria que restariam apenas as intervenções do relator da Comissão Especial e do advogado-geral da União antes de se dar início à votação eletrónica. À medida que a discussão se arrasta, com apenas 15 senadores a já terem tomado o pódio mais de seis horas após o início da sessão (incluindo as quase duas horas de pausa para o almoço), esta possibilidade tornar-se-á mais provável..Os apoiantes do governo de Dilma já denunciaram a hipótese de um requerimento para "saltar" os discursos restantes e encurtar a sessão como "um golpe dentro do golpe", escreve o Estadão, que cita o líder do PT, Paulo Rocha..Supremo Tribunal rejeitou pedido para anular processo.O juiz Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), recusou hoje anular o processo de destituição da Presidente Dilma Rousseff, em resposta a um derradeiro esforço do Governo para travar o processo..Teori Zavascki foi sorteado como relator do recurso que o governo apresentou na terça-feira e, segundo a sua assessoria, citada pela imprensa, passou a noite a analisar o pedido. O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, tinha pedido a anulação de todos os atos praticados pelo presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, desde a receção pelo STF da denúncia contra ele, em março deste ano..[artigo:5169367].Com Lusa