Sete mortos em atentado na Indonésia. Estado Islâmico reivindicou ataque

Das sete vítimas mortais do ataque à cidade de Jacarta, cinco eram terroristas
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Sete pessoas morreram esta quinta-feira em Jacarta na sequência de várias explosões que abalaram o centro da capital indonésia. Cinco eram atacantes e dois civis, um dos quais holandês, informou o ministro da Segurança.

"Cinco terroristas estão mortos", disse o ministro Luhut Panjaitan aos jornalistas, no local dos ataques. Dos civis, além do holandês, perdeu a vida um cidadão indonésio.

Numa declaração em árabe divulgada na Internet, o movimento 'jihadista' Estado Islâmico reivindicou o atentado. No texto, o grupo terrorista afirma que várias bombas "explodiram quando quatro soldados do califado realizaram ataques com armas ligeiras e cintos de explosivos". Segundo o comunicado, os ataques tiveram como alvo um ajuntamento de cidadãos da "coligação dos cruzados", uma referência à aliança de países liderada pelos Estados Unidos que combate o EI no Iraque e na Síria.

Segundo indicação da polícia, nesta altura a situação no centro de Jacarta já estará controlada pelas autoridades, que nas horas que se seguiram aos ataques terão perseguido e encurralado alguns dos responsáveis num edifício no centro da cidade. O atentado foi perpetrado por bombistas suicidas e mais de uma dezena de atiradores.

O jornal australiano Sidney Morning Herald indica que pelo menos quatro terroristas foram detidos. Um canal de televisão indonésio partilhou no Twitter uma imagem, alegadamente fornecida pelas autoridades, que mostra o conteúdo de uma mochila transportada pelos atiradores, com facas, granadas e até um revólver.

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Testemunhas citadas nos meios de comunicação social locais referem-se a pelo menos seis explosões, próximas do centro comercial Sarinah, na rua Thamarin, com relatos de tiroteio entre a polícia e um grupo de pessoas não identificado.

Vídeos divulgados nas redes sociais mostram pelo menos uma das explosões, de pequena dimensão, em frente ao centro comercial Sarinah, localizado na mesma rua onde está o escritório das Nações Unidas em Jakarta.

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As explosões aconteceram pelas 10:30, hora local (menos sete horas em Lisboa). O The Guardian indica que poderão ter estado ainda envolvidos no ataque cerca de 14 atiradores. Alguns terão mesmo atirado granadas para o interior dos edifícios e pelo menos seis foram cercados pela polícia.

A televisão australiana ABC cita uma nota interna da ONU para os funcionários em Jacarta que indica que um dos seus funcionários poderá ter ficado ferido nas explosões.

"Caros colegas, mais explosões e disparos na zona. Aparentemente estão a usar armas e granadas. Estamos num perímetro no edifício da ONU, protegidos por pessoal armado. Podemos ter um funcionário da ONU ferido na explosão inicial", refere a nota.

Dos dois civis que morreram nos ataques, um era estrangeiro. O Guardian indica que poderá ter nacionalidade holandesa, mas ainda não há qualquer confirmação oficial.

O porta-voz da polícia de Jacarta Muhammad Iqbal acrescentou que cinco efetivos da polícia e cinco civis (quatro indonésios e um estrangeiro) ficaram feridos.

O Starbucks anunciou entretanto estar a fechar todos os cafés que tem em Jacarta até "nova ordem", depois de um dos seus estabelecimentos na capital da Indonésia ter sido atingido nos ataques ocorridos esta quinta-feira.

"Este estabelecimento e todos os outros Starbucks em Jacarta vão permanecer encerrados", indicou a empresa em comunicado, falando numa medida de precaução e indicando estar a acompanhar de perto a situação.

Ligação ao Estado Islâmico

Mesmo antes da reivindicação feita pelo grupo terrorista Estado Islâmico, o porta-voz da polícia já dissera em Jacarta que o ataque parece ter sido uma cópia do que aconteceu em Paris, a 13 de novembro de 2015. Citado pela AP, afirmou que os terroristas imitaram as ações ocorridas na capital francesa e são "provavelmente" do Estado Islâmico. O mesmo responsável revelou que a polícia recebeu informação, no passado mês de novembro, de um alegado aviso do Estado Islâmico, que ameaçava com "um concerto" na Indonésia, ou seja, um atentado.

Também o líder da Al-Qaeda, Ayman al-Zawahiri, terá emitido ontem, dia 13 de janeiro, uma mensagem de áudio destinada aos indonésios em particular e a todos os muçulmanos no sudeste da Ásia, incentivando-os a atacarem os interesses dos EUA e dos seus aliados nos seus países.

O adjunto do chefe da polícia indonésia revelou ainda que este ataque ocorreu depois de as autoridades terem feito fracassar um atentado previsto para a noite de Ano Novo em Jacarta.

Ato de terrorismo

O presidente indonésio, Joko "Jokowi" Widodo, disse que os ataques de hoje em Jacarta foram um "ato de terrorismo" e ordenou às forças de segurança que persigam e capturem os autores e a rede que os apoia.

"Este foi um ato de terrorismo", disse, em Java Ocidental, em declarações aos jornalistas transmitidas pelas televisões indonésias.

"Recebi já informações sobre as explosões na rua Thamrin em Jacarta. Expresso as minhas condolências às vítimas e condenamos o ataque que causou receios na sociedade", disse aos jornalistas indonésios.

O chefe de Estado antecipou o seu regresso a Jacarta para acompanhar os ataques levados a cabo por um grupo indeterminado de pessoas e que, segundo a televisão indonésia Metro TV, causaram pelo menos seis mortos.

Jowo Widodo disse ter ordenado ao chefe nacional da polícia e ao ministro de assuntos políticos e de segurança que os autores do ataque sejam procurados e capturados, assim como os elementos da rede que integram.

Embaixada portuguesa pede prudência

A embaixada de Portugal na Indonésia lançou um aviso aos cidadãos portugueses para evitarem deslocações ao centro de Jacarta, onde hoje ocorreram vários ataques à bomba, provocando pelo menos sete mortos.

"Sugere-se a todos os nacionais portugueses que evitem deslocações nos arredores de Budaran HI, em concreto no Shopping Mall Sarinah, que se encontra na Jalan Thamrin, na sequência de uma série de ataques com armas de fogo e explosivos que ali ocorreram", lê-se na comunicação emitida pela embaixada aos portugueses.

A representação portuguesa alerta que "todos os movimentos devem ser reduzidos ao mínimo indispensável, pois há bloqueios em várias vias de acesso a Jacarta Central/Menteng".

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, já disse que não há portugueses em risco em Jacarta mas adiantou que foram reforçadas as medidas de segurança na embaixada.

"Não temos nenhuma informação que permita dizer que algum dos elementos da comunidade portuguesa residente em Jacarta --que se estima serem 180 - esteja em qualquer situação de risco, em qualquer local de risco", adiantou à agência Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE).

Augusto Santos Silva informou que o embaixador português em Jacarta, Moreira Lemos, tem estado em contacto com a comunidade portuguesa em Jacarta.

O ministro salientou também que a embaixada portuguesa não está localizada nas áreas onde decorreram os ataques à bomba, que causaram pelo menos cinco mortos.

"Embora haja várias embaixadas localizadas num dos locais onde estão a decorrer os ataques e a embaixada portuguesa esteja localizada não muito longe desse local, não há nenhum elemento que permita dizer que são as embaixadas o alvo do ataque, ou seja, que esteja em curso um atentado que tenha como alvo representações diplomáticas", sublinhou.

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