Líder checheno pede ajuda para encontrar o gato e a net não perdoa

Ramzan Kadyrov é alvo dos internautas após ser ridicularizado pelo humorista John Oliver. Ex-rebelde respondeu à letra
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O presidente checheno, Ramzan Kadyrov, não gostou de ser ridicularizado pelo humorista britânico John Oliver no programa de televisão Last Week Tonight, emitido no passado domingo pelo HBO. Por isso, respondeu à letra nas redes sociais, aproveitando para defender o líder russo, Vladimir Putin, e atacar o norte-americano, Barack Obama. O estranho é que tudo começou com um apelo no Instagram para encontrar um gato.

A 16 de maio, Kadyrov publicou uma foto na rede social em que surgia vestido de camuflado a segurar o seu gato bengal. A raça americana, também conhecida em inglês como toy tiger por os animais se assemelharem a tigres de brincar, foi reconhecida em 1985 pela Associação Internacional de Gatos (TICA) e chegou à Rússia em 2008, segundo a agência russa ITAR-TASS. Cada cria custa cerca de 1400 euros.

A mensagem que acompanhava a imagem dizia que o gato (não é revelado o nome) estava desaparecido há dez dias. "Começamos a preocupar-nos. Talvez esteja por aqui perto. Essa pessoa pode não saber como encontrar os donos. Estou certo de que ninguém precisa do gato de outra pessoa", escreveu Kadyrov.

O apelo foi notícia nas televisões locais e da Rússia, espalhando-se rapidamente pelo resto do mundo. De tal maneira que, no último domingo, John Oliver dedicou-lhe cinco minutos do seu programa de humor de análise das notícias da semana. Entre outas coisas, o britânico lembra as acusações de violações dos direitos humanos que pesam sobre Kadyrov, compara o líder checheno a "uma lata da bebida energética Monster que ganhou vida" e goza com o facto de ele usar T-shirts com a imagem de Putin.

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Apoio do Kremlin

Antigo rebelde, Kadyrov lidera os destinos da república chechena desde 2007, com o apoio do presidente russo. Filho de Akhmat Kadyrov, o primeiro presidente da Chechénia (assassinado em 2004 num atentado à bomba perpetrado por islamitas), o atual líder foi responsável pela transformação da capital, Grozny, numa cidade moderna. Tudo com o apoio do dinheiro do Kremlin.

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Mas os críticos acusam-no de violações dos direitos humanos e os seus colaboradores próximos são os principais suspeitos da morte do opositor russo Boris Nemtsov, no ano passado em Moscovo. O líder checheno respondeu a essa acusação, dizendo que tudo não passa de "parvoíces".

No Instagram desde novembro de 2012, Kadyrov tem 1,8 milhões de seguidores nesta rede social, na qual partilha fotos e vídeos com políticos, mas também a fazer exercício ou rodeado pela família (tem nove filhos) e por animais. No Twitter é menos popular, com 315 mil seguidores, ligeiramente abaixo dos 425 mil que tem no VK (uma espécie de Facebook popular entre os russos).

No seu programa, John Oliver pediu precisamente aos telespectadores que fossem ao Twitter para enviar mensagens a Kadyrov. Podiam dizer que tinham visto o gato dele, que não tinham visto o gato ou publicar uma foto de um gato e perguntar "é este o teu gato?" Foi o que o humorista fez. Os internautas responderam ao seu apelo, partilhando memes (imagens e montagens humorísticas) com o hashtag #FindKadyrovsCat.

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O líder checheno respondeu no Instagram com uma montagem que mostra Oliver com uma T-shirt de Putin. Sobre a imagem lê-se: "Estou farto de piadas. Quero cuidar de gatos na Chechénia. Já agora, o Putin é o nosso líder." Mas Kadyrov não se ficou por aí. Numa extensa mensagem em inglês a acompanhar a foto explica que talvez o gato esteja "a constituir família" e volte em breve a casa.

Depois diz que não é surpresa que "milhões de pessoas gostem de usar T-shirts com a imagem" de Putin, já que ele é "um sábio, corajoso e determinado líder, que consegue resistir a uma campanha inimiga, conduzida pelos EUA". E acusa o país dirigido por Obama de "sob o disfarce de operações de manutenção de paz gerar novas guerras e conflitos internos sangrentos, nos quais morrem milhões de pessoas".

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