Coreia do Norte passa fome mas a economia cresce

Produto Interno Bruto cresceu 3,9% em 2016, mas seca grave afetou negativamente o setor agrícola, causando uma quebra de 30%.
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A Coreia do Norte enfrenta uma séria crise alimentar devido à mais grave seca desde 2001, anunciou a agência alimentar das Nações Unidas, FAO. A frequência das chuvas decresceu para valores mínimos entre os meses de abril e junho, afetando a cultura de alimentos que estão na base da dieta norte-coreana, como o milho, o arroz, a soja e batatas.

O documento da FAO, que resulta de um trabalho conjunto com o Centro Conjunto de Investigação da Comissão Europeia, refere que será necessário a importação acrescida de bens alimentares assim como o aumento da ajuda humanitária para evitar fenómenos de desnutrição como os sucedidos no passado, nomeadamente a grave crise da década de 90, que se prolongou até aos primeiros anos do século XXI. A agência da ONU chama a atenção para os efeitos da escassez alimentar, nomeadamente, nas crianças e idosos. A crise dos anos 90 teve efeitos de longa duração no desenvolvimento da geração nascida nesta década e nas seguintes, de que é exemplo prático a redução da altura mínima de 145 para 142 centímetros para entrar nas forças armadas. A medida, tomada em 2012, seguiu-se a uma outra, esta de 2005, reduzindo de 300 para 250 gramas a porção de alimentos disponível por dia por pessoa. Segundo dados do Programa Alimentar Mundial, nesta época, 40% das crianças norte-coreanas tinham problemas de desenvolvimento e mais de 8% apresentavam-se subnutridas. Então, mais de 27% dos norte-coreanos dependia de alguma forma de ajuda alimentar para sobreviver.

Agora, a FAO também considera indispensável o reforço da ajuda alimentar para evitar "a redução da ingestão diária de alimentos", lê-se num comunicado assinado pelo representante deste organismo para a China e Coreia do Norte, Vincent Martin. "É vital que os agricultores recebam apoio técnico rapidamente" para lidarem com uma redução na produção que a FAO estima ser de 30% face ao ano transato.

Noutro plano, e apesar da aplicação de sanções, que tem também reflexos na própria ajuda alimentar, a economia norte-coreana está a crescer a ritmo elevado, tendo sido de 3,9% em 2016. O número era ontem avançado pelo banco central da Coreia do Sul (o regime de Pyongyang não divulga estatísticas), que indicava ser o mais elevado desde 1999. Isto, referia a Bloomberg, mesmo com sanções cada vez mais restritivas, visando as exportações e trocas comerciais da Coreia do Norte. Mais de 90% do comércio externo de Pyongyang é realizado com a China, indicava ontem a Agência de Comércio e Investimento sul-coreano.

Ainda em relação à Coreia do Norte, os EUA vão proibir, com efeito a partir do final de agosto, os seus nacionais de viajarem para aquele país. A decisão foi ontem anunciada pelo Departamento de Estado e sucede cerca de um mês após a morte de Otto Warmbier, o americano detido em finais de 2015 por Pyongyang e libertado em junho por razões de saúde, morrendo poucos dias depois.

Soube-se, entretanto, em Seul, que Pyongyang não respondeu à oferta de negociações bilaterais feita pelo presidente Moon Jae-in. A oferta mantém-se até à próxima quinta-feira, disse um porta-voz do governo sul-coreano.

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