Sangue novo e diversidade num Festival da Canção renovado

Concurso terá duas semifinais, a 19 e 26 de fevereiro, e uma final em direto no Coliseu dos Recreios, a cinco de março. Vencedor representará Portugal na Eurovisão, em maio, na Ucrânia
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"Como temos um Papa todo virado para a frente, que também gosta de cantar e de música, peçam ao nosso Francisco que a 13 de maio [data da final da Eurovisão, na Ucrânia], quando estiver em Portugal, faça uma oração por nós. Pode ser que não sejamos os últimos classificados", conta, entre risos, Júlio Isidro, presidente do júri do Festival da Canção 2017, que regressa renovado após um ano de hiato, com duas semifinais (19 e 26 de fevereiro) e uma final no Coliseu dos Recreios, a 5 de março.

Para evitar que essa desastrosa classificação aconteça, a estação pública muniu-se de sangue novo e talentos do atual panorama musical. Muitos dos compositores, aliás, não seriam, à partida, associados a um festival da canção, como Rita Redshoes, Luísa Sobral, Noiserv, Samuel Úria, Nuno Gonçalves (The Gift), Pedro Silva Martins (Deolinda), Nuno Figueiredo (Virgem Suta), Márcia e Celina da Piedade, entre outros. Estas duas últimas também participam como intérpretes, às quais se juntam vozes como Lena D"Água e concorrentes de talent shows (Fernando Daniel, Rui Drumond, Deolinda Kinzimba ou Salvador Sobral), por exemplo.

Um deles será o vencedor, através de um voto dividido igualmente entre o público e um júri de nove elementos. "Vai ser uma edição inesquecível", promete Daniel Deusdado, diretor de programas da RTP, que aposta na diversidade para a ementa do festival deste ano. "É muito bom que tenham sido convidados compositores das mais diversas áreas e de escalões etários diferentes", atira Júlio Isidro.

A renovação ao nível musical que o festival sofre este ano é aplaudida pelos músicos que criaram os 16 temas a concurso. "O festival estava a perder impacto. Acho que esta é uma ótima maneira de mostrar canções portuguesas, de autores nacionais, algo que estava a ser um pouco desperdiçado nos últimos anos. Esta ideia de convidarem estes compositores mais contemporâneos vai trazer algo de muito positivo ao festival, nem que seja a curiosidade do público", revela ao DN Luísa Sobral.

A cantora Márcia afina pelo mesmo diapasão: "Era necessário existir um festival que fosse uma celebração da música que representa o nosso panorama. Esta é uma amostra eclética e completa, ainda que faltem muitos, claro".

David Santos, mais conhecido como Noiserv, acredita que a edição de 2017 "poderá trazer uma mudança" para o futuro. "Durante vários anos, percebeu-se que, para brilhar lá fora, tinha que haver esta noção de que a música era quase secundária. Esta iniciativa mostra que é, afinal, o mais importante de tudo", frisa.

Lena D"Água concorda. "Começou a existir uma normalização na Eurovisão. Fica tudo igual, perde a graça. É tudo explosões, efeitos, vestidos. Esta estratégia da RTP é muitíssimo inteligente porque há diversidade. Senão, não teria interesse, adianta. Samuel Úria ressalva a iniciativa da estação pública em "convidar pessoas que, à partida, não se sugeririam, a si próprias, para participar neste festival".

Uma final para soprar as 60 velas da RTP

A final em direto do festival, apresentada por Catarina Furtado e Sílvia Alberto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, servirá como "o ponto alto das comemorações dos 60 anos da RTP", anunciou Daniel Deusdado, diretor de programas da estação. "Não é uma data qualquer. Vamos transformar esta final num evento ainda maior e usar como base da nossa própria festa a música portuguesa", acrescentou o responsável.

O mesmo adianta que estão previstas, para 5 de março, "a presença de rostos históricos da RTP, bem como vídeos e homenagens a figuras que marcaram" as seis décadas do pequeno ecrã no nosso país, para além de outras surpresas.

Júlio Isidro, que já conduziu várias edições do certame, não duvida da afluência do público para ajudar a soprar as velas à RTP: "Tenho a certeza que o Coliseu vai ter uma enchente extraordinária nesta final", contou o rosto veterano da estação pública.

De resto, as duas semifinais serão também em direto mas, ao contrário da última gala, serão gravadas a partir dos estúdios da RTP, ficando a apresentação a cargo de Sónia Araújo e José Carlos Malato (para a primeira) e de Tânia Ribas de Oliveira e Jorge Gabriel (para a segunda).

Veja a lista completa dos participantes no Festival da Canção:

Primeira semifinal:
Canção 1: Márcia (compositor Márcia)
Canção 2: Golden Slumbers (compositor Samuel Úria)
Canção 3: Fernando Daniel (compositor Nuno Feist)
Canção 4: Deolinda Kinzimba (compositor Rita Redshoes)
Canção 5: Rui Drumond (compositor Héber Marques)
Canção 6: Lisa Garden (compositor Siraiva)
Canção 7: Salvador Sobral (compositor Luisa Sobral)
Canção 8: Viva La Diva (compositor Nuno Gonçalves)

Segunda semifinal:
Canção 1: David Gomes (compositor Tóli César Machado)
Canção 2: Lena d'Agua (compositor Pedro Silva Martins)
Canção 3: Beatriz Felício (compositor Jorge Fernando)
Canção 4: Pedro Gonçalves (compositor João Pedro Coimbra)
Canção 5: Helena Kendall (compositor João Só)
Canção 6: Celina da Piedade (compositora Celina da Piedade)
Canção 7: Jorge Benvinda (compositor Nuno Figueiredo)
Canção 8: Inês Sousa (compositor Noiserv)

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