Numa altura em que os alunos já se preparam para o arranque do segundo semestre de aulas, há 17 mil estudantes (16 920) das universidades e politécnicos que ainda não sabem se têm direito a bolsa de estudo neste ano letivo. Os dados atualizados nesta terça-feira pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) mostram que 80 mil das cerca de 96 mil candidaturas já foram analisadas, mas ainda há 12 mil (13% do total) nos serviços das universidades à espera de uma decisão, a que se juntam outras cinco mil que ainda não avançaram por falta de informação. E mesmo os pagamentos sofreram uma quebra em relação ao ano passado..Apesar de 60 mil alunos, entre público e privado (ver infografia), já saberem que têm direito a apoio, em dezembro foram pagas 50 502 bolsas de estudo, menos quase 4500 do que no mesmo mês do ano anterior, quando foram pagas 54 874. Os problemas informáticos que afetaram a comunicação entre os sistemas das Finanças e da Segurança Social e os dos Serviços de Ação Social das universidades - que deixaram milhares de candidaturas paradas no início do ano letivo, quando no ano passado o processo tinha sido especialmente rápido, com a renovação automática das bolsas para os alunos que mantivessem as mesmas condições familiares e económicas - explicarão em larga medida essa quebra. É que muitos dos processos que estão em aberto, argumenta o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), estão à espera de informação de outras entidades. "Estes processos têm três áreas, uma parte tem que ver com a informação académica, outra com dados que têm de vir das Finanças e uma outra que tem que ver com a vertente social", explica Pedro Dominguinhos, para ilustrar como as demoras não se devem muitas vezes aos serviços..Tese aliás partilhada pela presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), a instituição pública mais atrasada na análise das candidaturas: segundo os dados da DGES, Évora analisou até agora 69% dos processos de bolsas, quando as restantes universidades e politécnicos estão acima dos 80%. Madeira (99%), Trás-os-Montes e Escola de Enfermagem do Porto (97%), Açores (96%) e Castelo Branco (95%) são as que levam o trabalho mais adiantado. A média geral de processamentos no setor público é de 86%, enquanto no privado cai para 56%. "Sabemos que existem serviços, das Finanças e da Segurança Social, que deviam enviar informação e que não enviam, sabemos que o atraso não é só da Universidade de Évora", sublinha Ana Rita Silva, que acompanha também a área da ação social na associação de estudantes. "Eu tenho uma colega que já foi à Segurança Social para tentar acelerar o processo e, como não pode trabalhar porque arrisca perder a bolsa, os problemas dela vão-se acumulando.".Os atrasos na análise das candidaturas já levaram a associação académica a reunir com os serviços da universidade. "Há uma grande dedicação dos funcionários, mas há falta de pessoal. Têm apenas três pessoas para analisar todos os pedidos", relata a presidente da AAUE, que antecipa que o arranque do segundo semestre, no início de fevereiro, faça aumentar também o número de alunos que pedem ajuda à associação académica.. Infografia DN.Fundo pagou propinas a 12 alunos.No Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, o Núcleo de Desenvolvimento Académico ainda não recebeu pedidos de apoio para pagamento de propinas, mas admite que existam alguns atrasos na análise das candidaturas. Os processos mais demorados, conta a responsável pelo departamento, são os que levantam dúvidas, como os que envolvem rendimentos per capita muito baixos ou os que têm informação em falta. "Tudo isso tem de ser tomado em consideração e os alunos são chamados para clarificar a situação.".Isabel Gonçalves diz que a escola tem um sistema de apoio aos alunos que ainda não estão a receber bolsa que pode passar pelo pagamento de propinas através de um fundo criado por antigos alunos e que no ano passado ajudou 12 estudantes. Neste ano ainda não teve pedidos. O núcleo faz também de ponte com mecenas que atribuem bolsas de mérito a alguns estudantes. "Por exemplo, uma vez tivemos um caso de uma dessas alunas que se candidatou a uma bolsa de ação social com rendimentos familiares muito baixos. Enquanto esperava pela análise do seu processo, candidatou-se a uma bolsa de mecenas, mas depois desistiu quando se comprovou que precisava da bolsa social"..Os valores das bolsas de ação social variam em função dos rendimentos do agregado familiar. A bolsa mínima corresponde à propina praticada na instituição frequentada pelo aluno (sendo o valor mínimo da propina 75 euros mensais). O DN perguntou ao Ministério da Ciência e Ensino Superior qual a percentagem de bolsas mínimas atribuídas no total dos apoios já deferidos, mas ainda não teve resposta. No máximo, um estudante carenciado pode receber 1286 por mês. No ano passado, quase 65 mil alunos do superior tiveram direito a bolsa, cerca de 40% das quais terão sido apenas para pagar o valor das propinas.
Numa altura em que os alunos já se preparam para o arranque do segundo semestre de aulas, há 17 mil estudantes (16 920) das universidades e politécnicos que ainda não sabem se têm direito a bolsa de estudo neste ano letivo. Os dados atualizados nesta terça-feira pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) mostram que 80 mil das cerca de 96 mil candidaturas já foram analisadas, mas ainda há 12 mil (13% do total) nos serviços das universidades à espera de uma decisão, a que se juntam outras cinco mil que ainda não avançaram por falta de informação. E mesmo os pagamentos sofreram uma quebra em relação ao ano passado..Apesar de 60 mil alunos, entre público e privado (ver infografia), já saberem que têm direito a apoio, em dezembro foram pagas 50 502 bolsas de estudo, menos quase 4500 do que no mesmo mês do ano anterior, quando foram pagas 54 874. Os problemas informáticos que afetaram a comunicação entre os sistemas das Finanças e da Segurança Social e os dos Serviços de Ação Social das universidades - que deixaram milhares de candidaturas paradas no início do ano letivo, quando no ano passado o processo tinha sido especialmente rápido, com a renovação automática das bolsas para os alunos que mantivessem as mesmas condições familiares e económicas - explicarão em larga medida essa quebra. É que muitos dos processos que estão em aberto, argumenta o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), estão à espera de informação de outras entidades. "Estes processos têm três áreas, uma parte tem que ver com a informação académica, outra com dados que têm de vir das Finanças e uma outra que tem que ver com a vertente social", explica Pedro Dominguinhos, para ilustrar como as demoras não se devem muitas vezes aos serviços..Tese aliás partilhada pela presidente da Associação Académica da Universidade de Évora (AAUE), a instituição pública mais atrasada na análise das candidaturas: segundo os dados da DGES, Évora analisou até agora 69% dos processos de bolsas, quando as restantes universidades e politécnicos estão acima dos 80%. Madeira (99%), Trás-os-Montes e Escola de Enfermagem do Porto (97%), Açores (96%) e Castelo Branco (95%) são as que levam o trabalho mais adiantado. A média geral de processamentos no setor público é de 86%, enquanto no privado cai para 56%. "Sabemos que existem serviços, das Finanças e da Segurança Social, que deviam enviar informação e que não enviam, sabemos que o atraso não é só da Universidade de Évora", sublinha Ana Rita Silva, que acompanha também a área da ação social na associação de estudantes. "Eu tenho uma colega que já foi à Segurança Social para tentar acelerar o processo e, como não pode trabalhar porque arrisca perder a bolsa, os problemas dela vão-se acumulando.".Os atrasos na análise das candidaturas já levaram a associação académica a reunir com os serviços da universidade. "Há uma grande dedicação dos funcionários, mas há falta de pessoal. Têm apenas três pessoas para analisar todos os pedidos", relata a presidente da AAUE, que antecipa que o arranque do segundo semestre, no início de fevereiro, faça aumentar também o número de alunos que pedem ajuda à associação académica.. Infografia DN.Fundo pagou propinas a 12 alunos.No Instituto Superior Técnico, da Universidade de Lisboa, o Núcleo de Desenvolvimento Académico ainda não recebeu pedidos de apoio para pagamento de propinas, mas admite que existam alguns atrasos na análise das candidaturas. Os processos mais demorados, conta a responsável pelo departamento, são os que levantam dúvidas, como os que envolvem rendimentos per capita muito baixos ou os que têm informação em falta. "Tudo isso tem de ser tomado em consideração e os alunos são chamados para clarificar a situação.".Isabel Gonçalves diz que a escola tem um sistema de apoio aos alunos que ainda não estão a receber bolsa que pode passar pelo pagamento de propinas através de um fundo criado por antigos alunos e que no ano passado ajudou 12 estudantes. Neste ano ainda não teve pedidos. O núcleo faz também de ponte com mecenas que atribuem bolsas de mérito a alguns estudantes. "Por exemplo, uma vez tivemos um caso de uma dessas alunas que se candidatou a uma bolsa de ação social com rendimentos familiares muito baixos. Enquanto esperava pela análise do seu processo, candidatou-se a uma bolsa de mecenas, mas depois desistiu quando se comprovou que precisava da bolsa social"..Os valores das bolsas de ação social variam em função dos rendimentos do agregado familiar. A bolsa mínima corresponde à propina praticada na instituição frequentada pelo aluno (sendo o valor mínimo da propina 75 euros mensais). O DN perguntou ao Ministério da Ciência e Ensino Superior qual a percentagem de bolsas mínimas atribuídas no total dos apoios já deferidos, mas ainda não teve resposta. No máximo, um estudante carenciado pode receber 1286 por mês. No ano passado, quase 65 mil alunos do superior tiveram direito a bolsa, cerca de 40% das quais terão sido apenas para pagar o valor das propinas.