Está no Sado o maior tomba-gigantes da história da Taça

Em 14 ocasiões os três grandes foram eliminados por clubes de divisões secundárias. O V. Setúbal surpreendeu por três vezes
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Sporting, Benfica e FC Porto entram em ação na Taça de Portugal. Os leões jogam hoje em Famalicão, as águias entram amanhã ao relvado da Amoreira para defrontar o 1.º de Dezembro e os dragões enfrentam no sábado o Gafanha, em Aveiro. Os três grandes enfrentam adversários de divisões secundárias e, à partida, terão a tarefa facilitada.

À partida porque por 14 vezes os gigantes de Portugal caíram perante adversários de outros escalões. E nesse caso o V. Setúbal surge como o maior tomba-gigantes de sempre ao vencer três eliminatórias, uma a cada um dos três grandes, quando estava na II Divisão ou II Liga.

O primeiro a provar do veneno sadino foi o FC Porto, a 13 de junho de 1943, num jogo das meias-finais. Os dragões haviam terminado o campeonato num modesto 7.º lugar e procuravam salvar a época na Taça de Portugal. A presença na final estaria ali à mão de semear, ainda que o jogo fosse no antigo Campo dos Arcos, em Setúbal. O escândalo abateu-se sobre a equipa treinada pelo húngaro Lipo Hertzka, que sofreu uma goleada de 7-0. O descalabro portista começou com um autogolo do defesa Vítor Guilhar aos 10 minutos. Depois foi ver os sadinos aumentar a vantagem com um hat trick de Aníbal Rendas e golos de Amador, Passos e João Nunes. O V. Setúbal foi à final perdida para o Benfica.

Eusébio com as reservas

Foi precisamente o Benfica o cliente seguinte dos sadinos, nos oitavos-de-final de 1960-61. Um jogo que os encarnados contestaram por ter sido marcado pela Federação Portuguesa de Futebol para o dia a seguir à primeira final da Taça dos Campeões, conquistada pelos encarnados diante do Barcelona.

O Benfica havia ganho na Luz, na primeira mão, por 3-1, e apesar de se apresentar desfalcado dos campeões europeus na véspera, apresentava-se como favorito nos Arcos. Contudo, os sadinos acabaram por dar a volta ao marcador ganhando por 4-1. Nas reservas benfiquistas estava... Eusébio, que não estava inscrito na Europa pois só dois meses antes fora autorizado a jogar pelos encarnados. Aos 59 minutos os sadinos venciam por 3-0, mas pouco depois Eusébio empatou a eliminatória. O Pantera Negra teve a possibilidade de arrumar a eliminatória, mas falhou um penálti, permitindo a defesa de Mourinho Felix. Coube a Pompeu fazer o golo que apurou o Vitória.

Orestes bateu o Golias

O Sporting só experimentou a tendência do V. Setúbal para tomba--gigante em 2003-04. Os sadinos, então na II Liga, marcaram logo aos sete minutos pelo defesa brasileiro Orestes e, apesar de ficar muito tempo por jogar, os leões, com João Vieira Pinto, Pedro Barbosa e Liedson de início e Sá Pinto saído do banco, não conseguiram inverter o rumo dos acontecimentos, para desespero do treinador Fernando Santos que justificou assim a derrota: "Entrámos em campo a dormir." Já Orestes, o herói do jogo, disparou: "Pareceu-me uma repetição da história de David e Golias."

Fernando Santos a maior vítima

Fernando Santos foi, na realidade, a maior vítima dos tomba-gigantes enquanto treinador. É que além de ter sido afastado pelo V. Setúbal ao serviço do Sporting, o atual selecionador nacional tinha sido eliminado ao serviço do FC Porto, em pleno Estádio das Antas, diante do Torreense, da II Divisão B (terceiro escalão), em 1998-99. Foi numa tarde de Carnaval que o avançado Cláudio Oeiras abateu os dragões com um golo aos 85 minutos. Fernando Santos saiu do estádio com o presidente Pinto da Costa, perante a grande contestação dos adeptos que pediam a cabeça do treinador. No final da época acabou por se sagrar campeão e ficou conhecido como engenheiro do penta.

A primeira vez que uma equipa do terceiro escalão eliminou um grande foi em 1948-49, quando o Tirsense (III Divisão) recebeu e venceu o Sporting por 2-1. Armando Ferreira até colocou os leões a vencer, um golo contestado pelos da casa que alegavam fora de jogo, mas depois Catolino (20") e Mendes (83") provocaram a surpresa.

Outra equipa do terceiro escalão a causar sensação foi o Gondomar (II Divisão B), que na tarde de 24 de novembro de 2002 provocou um autêntico terramoto na Luz. O golo do brasileiro Cílio Souza (10 minutos) eliminou o Benfica e fez que os gondomarenses ganhassem um prémio de 500 euros cada um. Quem ficou em maus lençóis foi Jesualdo Ferreira, que acabou por ser despedido de treinador do Benfica.

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