Brilho luso e vitória australiana na estreia do Nazaré Challenge

João de Macedo (3.º) e António Silva (6.º) chegaram à final da etapa portuguesa do circuito mundial de ondas gigantes. Jamie Mitchell conquistou, na Nazaré, a primeira vitória da carreira
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A estreia do Nazaré Challenge foi também a de Jamie Mitchell. Ontem, na edição inaugural da etapa portuguesa do circuito mundial de ondas gigantes, o australiano alcançou a primeira vitória da carreira no Big Wave Tour. Mas também houve espaço para o brilho dos surfistas nacionais, com João de Macedo (3.º) e António Silva (6.º) a marcarem presença na final.

Ao fim de um longo período de espera (que decorria desde 15 de outubro e podia estender-se, no limite, até 28 de fevereiro de 2017), resolveu-se tudo num dia, como já estava programado (a não ser que a consistência do swell não o permitisse). As famosas ondas gigantes da Praia do Norte marcaram presença para o maior evento da especialidade alguma vez realizado no país. E os surfistas portugueses estiveram à altura da ocasião, mesmo que a vitória final tenha ido para um australiano que até aqui somara resultados discretos.

Jamie Mitchell dominou nas ondas gigantes da Nazaré: somou 23,94 pontos na final, não dando hipóteses à vasta concorrência - o brasileiro Carlos Burle (13,00), o português João de Macedo (10,84), o brasileiro Pedro Calado (9,34), o estado-unidense Nic Lamb (3,00) e outro português, António Silva (0,20). Essa foi uma grande façanha para o australiano, de 39 anos, presente no Big Wave Tour desde 2012.

"Estou realmente bastante feliz. Vencer foi tudo o que procurei. Este mar é muito, muito imprevisível, mas penso que consegui usar os meus conhecimentos e alcancei um grande resultado", afirmou o surfista, após subir ao pódio. Mitchell nunca tinha ido além do 4.º lugar em etapas do circuito mundial.

Este triunfo guindou o australiano para o 5.º lugar do ranking do circuito mundial de ondas gigantes, ao fim de três provas. Jamie Mitchell (15,690 pontos) segue na perseguição ao sul-africano Grant Baker (25,018), que se ficou pelas meias--finais no Nazaré Challenge - e também está atrás de Pedro Calado (21,943), do estado-unidense Greg Long (21,921) e de Carlos Burle (18,175).

Grant Baker foi, aliás, uma das principais vítimas dos portugueses que brilharam na Praia do Norte. Entre os cinco lusos em competição, apenas Alex Botelho e Nic von Rupp ficaram pelo caminho na primeira ronda. Hugo Vau seguiu até às semifinais. E João de Macedo e António Silva foram, como já se disse, finalistas - subindo ao 9.º (8,680) e 14.º lugares (5,024) do ranking mundial, respetivamente. Após a prova, ambos estavam tão felizes quanto cansados.

Portugueses orgulhosos

"Quando puxamos assim pelo nosso corpo e pelo nosso espírito, é natural que o corpo pague e, de alguma maneira, foi o que aconteceu. Estou a sentir-me bem, só estou um bocado zonzo porque estive muito tempo debaixo de água e levei com muitas ondas na cabeça", explicou, no final, João de Macedo, citado pela Lusa. Além da histórica presença no pódio, o surfista, de 39 anos (filho do antigo ministro das Finanças Braga de Macedo), venceu a heat 1 da primeira ronda. E deixou pelo caminho, entre outros, Greg Long, campeão mundial em 2012 e 2015 (na primeira ronda), e Grant Baker, líder do ranking e campeão de 2013 (nas meias-finais).

O outro finalista português, António Silva, também estava "supercontente", apesar de não ter sido feliz na última ronda. "Estou vivo, correu bem e vou para casa. Foi a minha primeira etapa de sempre... e foi uma final. Provavelmente, deve ser a etapa mais mediática das big waves", sublinhou o surfista, de 31 anos.

No fundo, o surf e as ondas nacionais deixaram boa imagem na primeira etapa portuguesa da história do Big Wave Tour. E Hugo Vau, um dos principais promotores do canhão da Nazaré, estava duplamente orgulhoso por isso. "Tivemos muitos anos de trabalho: eu, o Garrett Mcnamara e o Andrew Cotton. Foi, muitas vezes, um trabalho solitário: passámos anos aqui sozinhos na Praia do Norte. [A realização do Nazaré Challenge] foi o culminar de um ciclo e o reconhecimento a nível mundial por parte da World Surf League [liga mundial de surf]. Este é o sítio com as melhores ondas do mundo", concluiu o surfista luso.

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