Ederson foi enorme e parou o carrossel de Tuchel
Um golo de Mitroglou permitiu ao Benfica vencer o Dortmund na Luz e, desta forma, manter vivo o sonho do apuramento pelo segundo ano consecutivo para os quartos-de-final da Liga dos Campeões. Um triunfo que estava longe de se imaginar ao intervalo, mas que as correções feitas por Rui Vitória e a magia de Ederson na baliza tornaram possível.
Como fazer frente à forma de jogar do Dortmund? Essa terá sido provavelmente a pergunta tantas vezes feita por Rui Vitória nos dias que antecederam esta primeira mão. O treinador do Benfica optou por assumir que, de facto, os alemães são favoritos e têm uma rara intensidade de jogo a que nenhuma equipa portuguesa está habituada. Além disso, a forma como estão sempre bem posicionados dificulta o início da construção ofensiva dos adversários.
A estratégia de Rui Vitória passava sobretudo por apanhar o adversário desequilibrado, com bolas para os alas, para Salvio, ou lançamentos longos para as costas da defesa alemã, tentando que a velocidade de Rafa Silva fizesse a diferença. Só que tirando uma jogada de Salvio aos cinco minutos, concluída com um remate por cima, a estratégia esteve longe de resultar.
Os alemães estiveram sempre confortáveis no jogo, trocando a bola entre os seus jogadores, procurando espaços para chegar à baliza de Ederson. Uma tarefa que ainda assim se revelou complicada, pois a defesa e o meio-campo encarnados jogavam muito juntos, tirando os espaços aos alemães. O Dortmund jogava com paciência, fazendo circular a bola de um lado para o outro para desequilibrar o Benfica, que mantinha a organização, mas não tinha a agressividade suficiente para recuperar a bola e de imediato lançar o ataque.
Aliás, os encarnados perdiam muitas vezes a bola quando tentavam lançar-se rapidamente para o ataque. O Dortmund aparecia sempre com muitas unidades a cortar as linhas de passe e foi nessas situações que criou as suas grandes situações de golo, pelo desinspirado Aubameyang e Dembelé, que esbarrou em Lindelöf e sobretudo Ederson. À medida que o tempo passava, parecia inevitável o golo dos alemães, pelo que na Luz já se torcia para que o intervalo chegasse depressa.
Mais agressividade e pressão
Com o empate a zero ao intervalo, Rui Vitória retificou os erros da primeira metade e passou à ação, lançando Filipe Augusto para o lugar de Carrillo, alteração que obrigou a Rafa a jogar na ala esquerda e permitiu a Pizzi estar mais perto de Mitroglou. O objetivo era permitir ter o seu organizador de jogo mais liberto e, ao mesmo tempo, fazer que a equipa fosse mais agressiva e pressionasse o Dortmund mais à frente, procurando o erro do adversário em zonas mais perigosas para a baliza de Bürki.
E a verdade é que o Benfica terá apanhado os alemães desprevenidos. Pela primeira vez, o Dortmund estava desconfortável e nada melhor do que um golo para aproveitar a onda... E foi o que fez Mitroglou, na sequência de um canto de Pizzi, que Luisão (festejou 500 jogos de águia ao peito) cabeceou e o grego aproveitou para desviar do guarda-redes na pequena área. A Luz explodiu de alegria. Aquilo que parecia impossível, afinal não era...
Com mais de 40 minutos para jogar, era expectável uma reação forte dos alemães. E nem foi preciso esperar muito, pois a equipa de Thomas Tuchel carregou no acelerador em busca do empate. Voltava aquele carrossel, agora menos paciente e mais intenso. A defesa do Benfica resolvia os problemas como podia... Até que surgiu o penálti de Fejsa aos 57". O implacável Aubameyang confirmou a noite desastrada e permitiu a defesa de Ederson, que estava lançado para uma exibição sublime e acabou ainda por evitar um golo de Pulisic já perto do fim.
O Benfica vai para a Alemanha com uma vantagem de 1-0, sendo certo que nas 13 vezes que isso aconteceu, apenas por uma vez foi eliminado... Em Dortmund será preciso sofrer muito para conseguir manter esta tradição.