A livraria Ferin, no Chiado, prepara-se para uma nova vida a partir de hoje. Resgatada pelo dono da Ler Devagar, José Pinho, terá um bar e uma livraria infantil na cave, até agora fechada. A loja centenária, com montras para a Rua Nova do Almada, continuará fiel à tradição dos livros de arte, genealogia e livros estrangeiros. E terá mais autores portugueses traduzidos..Fundada em 1840 pela família com o mesmo nome, a Ferin atravessava problemas financeiros e a editora Principia, detentora de 49%, ponderou fechar, segundo a Lusa. O responsável da editora, Henrique Mota, falou com o livreiro José Pinho, dono da Ler Devagar (Lx Factory) e organizador do Fólio - Festival Literário Internacional de Óbidos, e perguntou-lhe se queria ficar com a livraria..José Pinho aceitou, pagou cerca de 80 mil euros de dívidas e investiu perto de 70 mil euros no espaço. "Mas não se pode dizer que seja um bom investimento, pode vir a ser, daqui a três anos", nota em conversa com DN. Para isso, garante, "vamos manter tudo na mesma, não deixando ficar nada como está". "O que já existe vai manter-se [a heráldica, militar, genealogia e catálogos de arte], mas vai ter o que nunca teve". Editoras portuguesas selecionadas, livros "que se vendem", como "Lobo Antunes, Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, Hélia Correia, José Saramago", mais livros infantis e "mais livros portugueses traduzidos", ao encontro do aumento de turistas nesta zona, que Celina Basílio, funcionária da Ferin desde 1986, também nota. "Italianos, franceses, muitos brasileiros..."..A livraria infantil ficará na cave, ao lado de uma zona preparada para receber a programação cultural, a partir de abril, e o bar, decorado velhas máquinas da tipografia Ferin, mesas do restaurante Palmeira, encerrado em dezembro, ali ao lado, e as antigas cadeiras da plateia do Pavilhão Carlos Lopes. A entrada faz-se, também, pela rua do Crucifixo..Hoje, Dia Mundial da Poesia, "vamos abrir o portão da rua do Crucifixo, assistir à sessão de poesia, vamos ter mais uma conversa, quanto mais não seja sobre este projeto e apresentá-lo publicamente, fazer uma comemoração, e é sempre bom comemorar". Está aberto a partir das 21.00. E, no futuro, passará a estar aberta das 10.00 às 22.00, "como os nossos vizinhos"..O objetivo da nova estrutura acionista (89% das empresas Ler Devagar e da Livraria do Campo Grande e 11% de um descendente da família Ferin) é aumentar as vendas e pôr a livraria no mapa. "A Ler Devagar é mais conhecida do que esta que é centenária". "Não é de um dia para o outro, mas com paciência e persistência, vamos conseguir".