Coelhos com sete metros de altura vão invadir a Baía de Cascais
São quatro, têm sete metros de altura, têm andado pelo mundo e vão poder ser apreciados na baía de Cascais. Os coelhos de Amanda Parer, Intrude, são umas das 26 instalações de luz que podem ser vistas a partir de quinta-feira, dia 8, em Cascais, na 5.ª edição do Festival Lumina, cujas montagens já estão a decorrer do largo da estação ao Parque Marechal Carmona à Cidadela de Cascais, quartel-general dos organizadores do evento, Nuno Maya e Carole Purnelle, aliás, OCUBO.
Antes de serem produtores/curadores do festival, definem-se como "artistas de luz à partida". Os trabalhos de videomapping do Terreiro do Paço e da Torre de Belém são dos mais conhecidos. Embora tenham trabalhos a solo (Nuno Maya foi finalista do prémio BES Revelação), desde 2004, quando fizeram a primeira exposição na Fábrica da Pólvora, em Oeiras, que são um coletivo artístico. À segunda exposição, quando o sótão de casa ainda podia servir de ateliê, deixaram os trabalhos nas respetivas empresas.
Fazer um festival de luz em Portugal começou quando foram convidados a mostrar várias das suas obras em Sintra, em 2011. "Decidimos convidar outros." No ano seguinte, mudaram-se para Cascais, onde se mantêm há quatro anos consecutivos. A câmara mantém-se como um dos principais parceiros, com um investimento de 300 mil euros, a que se somam cem mil do fundo europeu de que fazem parte a rede de festivais Spectrum, que apoia a transumância de obras por vários festivais, 200 mil euros de privados, e o investimento do próprio ateliê OCUBO, em trabalho e equipamento.
O percurso deste ano é semelhante ao de 2015, para conforto de quem já conhece o Lumina, sublinha Nuno, mas o evento tem mais um dia - de quinta-feira a domingo, entre as 20.00 e as 00.00. "Aconselhamos a vir mais cedo e fazer com tempo", alerta.
O ponto de partida é o largo da estação: "Fazemos um ciclo perfeito." "Aconselhamos a andar no sentido das pessoas", refere Carole. Pode entrar-se em qualquer ponto de percurso, "mas se entrar no dez, aconselhamos a avançar para o 11 e não para o nove", sublinha Nuno Maya. Há mapas e uma aplicação para smartphones Android e IOS.
É um programa gratuito e "para todos", frisa Carole. "O nosso objetivo é mostrar arte no espaço público. Existe um movimento mundial de urban art e é bom fazer parte dele." São três quilómetros de passeio com um tempo recomendado de duas horas e meia, nas contas de Nuno, e passagem por alguns dos lugares mais emblemáticos da vila, a começar na baía, onde estarão os coelhos de Amanda Parer. "Um deles estará na praia, foi difícil, mas conseguimos."
A instalação criada pela artista australiana joga com o simbolismo dos coelhos na sua terra natal, a Austrália. Por um lado, são queridos; por outro, um problema ecológico que fala das intromissões dos seres humanos na natureza. A artista não está em Cascais, ao contrário de outros artistas. À saída do escritório, um dos polacos responde à provocação de Carole. "Não gostas de vir ao Lumina?" Ele ri-se. "Se não gostasse não estava aqui pela segunda vez. Essa é a minha resposta." A pergunta de Carole pretende sublinhar o que havia dito pouco antes. "Nós, enquanto artistas, gostamos das obras e procuramos a melhor maneira de mostrar", diz a belga, de 52 anos.
Carole e Nuno conheceram-se no final de 1998, quando se encontraram em Angoulême, a capital da banda desenhada. Nuno Maya, então com 19 anos, tinha terminado o primeiro curso de Multimédia da ETIC e propôs, sem passar pela universidade, fazer uma especialização em Animação 3D e Carole, designer, decidiu mudar de rumo profissional e foi fazer um mestrado em Arte Multimédia.