Marcha dos enfermeiros. Sindicato vai protestar na Organização Internacional do Trabalho
Advogado Garcia Pereira anunciou que apresentará protesto por violação do direito à greve e do direito à atividade sindical. Enfermeiros desfilam na Marcha Branca.
Entre quatro e seis mil enfermeiros participam na Marcha Branca, organizada pelo Movimento Nacional dos Enfermeiros esta tarde em Lisboa.
Apesar de não ter conotações sindicais, os sindicatos apoiam esta marcha, nomeadamente o Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) e a Associação Sindical dos Profissionais de Enfermagem (ASPE), que organizaram as duas greves cirúrgicas, e o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
O advogado Garcia Pereira, advogado do Sindepor, que está no desfile, anunciou que vai apresentar um protesto na Organização Internacional do Trabalho e ao Conselho da Europa por "violação do direito à greve e do direito à atividade sindical.
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Em causa, está a atuação sobre os enfermeiros nas duas greves cirúrgicas, que motivaram uma requisição civil por parte do Governo e a homologação de um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) a considerar a paralisação ilícita.
Para Garcia Pereira, a requisição civil funciona como uma espécie de "balão de ensaio", que suporta teorias que se passarem incólumes farão com que o direito à greve acabe. No entender do advogado, a luta dos enfermeiros é também um movimento pela democracia.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, disse que esta marcha branca pela enfermagem veio mostrar que a sua missão enquanto bastonária está cumprida. "Os enfermeiros têm hoje uma identidade e um sentido de pertença", afirmou a bastonária em declarações à agência Lusa no arranque do desfile.
O presidente do Sindepor, Carlos Ramalho, anunciou na quinta-feira uma greve geral "dura e prolongada". Esta sexta-feira, na marcha, disse que prefere dar ênfase à união dos enfermeiros, recusando falar em datas. Mas disse que poderá ser em abril ou durar mais tempo.
O desfile desceu do Parque da Bela Vista em direção ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, tendo feito uma paragem na Ordem dos Enfermeiros, onde alguns profissionais simbolicamente depositaram numa urna as suas cédulas profissionais como forma de protesto.
A maioria dos participantes na marcha está vestida de branco, empunham cravos e outras flores da mesma cor e usam como imagem de marca a frase gravada em bandeiras e camisolas "Ninguém solta a mão de ninguém".