Condicionamento de trânsito na A5
Condicionamento de trânsito na A5Filipe Amorim

Zero defende corredores exclusivos para autocarros nas Áreas Metropolitanas, incluindo A5 e IC19

Associação considera que os corredores dedicados “permitiriam que o transporte público fosse mais rápido que o carro nos principais eixos de acesso a Lisboa e Porto”.
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A associação Zero defendeu este domingo, 21 de setembro, a criação de redes de corredores exclusivos para autocarros metropolitanos, não só nos eixos intermunicipais, mas também em parte dos percursos de autocarros e elétricos em Lisboa e no Porto.

A Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável fez uma estimativa dos atuais tempos de viagem em transporte público, de carro privado e de bicicleta, entre as cinco freguesias mais populosas de cada Área Metropolitana de Lisboa e Porto e os respetivos centros económicos.

Entre as conclusões do estudo, a Zero aponta que os corredores dedicados “permitiriam que o transporte público fosse mais rápido que o carro nos principais eixos de acesso a Lisboa e Porto”.

A associação acrescenta também a “necessidade de reforçar a habitação acessível nos concelhos de Lisboa e Porto, tendo em conta a rede de transporte público eficaz”, e, quando tal não for possível, defende que deve existir “garantia de conexões eficazes em transporte público nos restantes concelhos das áreas metropolitanas”.

A associação defende ainda a criação de Zonas de Zero Emissões (ZZE), com trânsito de veículos privados “fortemente condicionado”, além da eletrificação das carreiras de transporte público e reforço da sua frequência.

O estudo foi realizado no âmbito da Semana Europeia da Mobilidade, que está a decorrer desde 16 de setembro, e fez uma estimativa dos atuais tempos de viagem entre as cinco freguesias mais populosas de cada Área Metropolitana (AM) de Lisboa e Porto e os respetivos centros económicos — Saldanha, em Lisboa, e Casa da Música/Boavista, no Porto.

O total das cinco freguesias analisadas em cada uma das áreas metropolitanas (Algueirão/Mem Martins, Odivelas, Cascais/Estoril, São Domingos de Rana e Oeiras/Paço de Arcos/Caxias, na AML e Matosinhos e Leça da Palmeira, Senhora da Hora e São Mamede Infesta, Mafamude e Vilar Paraíso, Rio Tinto e Gondomar/Valbon e Jovim, na AMP) concentram entre 10% a 15% da sua população, segundo a associação ambientalista.

De acordo com a Zero, os resultados do estudo revelam que, na hora de ponta da manhã (entre as 06:00 e as 9:00), para a maior parte dos trajetos avaliados o carro apresenta “tempos de viagem menores e o transporte público obriga a mais de um transbordo, o que reduz em grande medida a atratividade dos modos coletivos”.

“A criação de corredores exclusivos para autocarros na rede metropolitana de vias rápidas e autoestradas que se prolonguem até ao centro económico dos concelhos de Lisboa e Porto onde deverão ter prioridade semafórica, permite que possam ser operados serviços expresso e tornar o transporte público regular mais rápido do que o automóvel nas horas ponta, em especial nas ligações radiais estruturantes”, explica a Zero.

Em Lisboa, os resultados indicam que o transporte público continua mais lento do que a deslocação em automóvel privado, sobretudo para os municípios situados junto à Linha de Cascais, exigindo em média cerca de três transbordos.

O caso da Área Metropolitana de Lisboa

No caso da Área Metropolitana de Lisboa, a Zero salienta o facto de três das cinco freguesias mais populosas se encontrarem nos concelhos de Cascais e Oeiras, entre a Linha de Cascais e a A5.

Nestas freguesias, o tempo de viagem em carro privado é “quase metade do tempo de viagem em transporte público, pelo que tem prioridade máxima a criação de uma via dedicada aos autocarros metropolitanos na A5 que possa prolongar-se e ter paragem em interfaces dentro da cidade de Lisboa como nas Amoreiras, Marquês de Pombal, Saldanha, Entrecampos e Campo Grande”.

Também no IC19 (que liga Sintra a Lisboa) até ao Campo Grande, via Segunda Circular, se justifica a rápida criação de um corredor exclusivo para autocarros metropolitanos, considera a Zero, tendo em conta “o afastamento em relação às estações de comboio de partes densamente povoadas da Linha de Sintra e como forma de gerar alternativas à sobrelotação do serviço ferroviário”.

“Estes corredores, concebidos com paragens otimizadas, têm suporte na evidência de que a conjugação de prioridade semafórica com a redução do número de paragens pode encurtar entre 20% e 40% o tempo de viagem dos autocarros em rede”, refere.

O caso da Área Metropolitana do Porto

Já na Área Metropolitana do Porto, e segundo o estudo, a bicicleta revela-se, em muitos percursos analisados, “mais rápida do que o automóvel privado quando se inclui o tempo necessário para estacionar e caminhar até ao destino”.

A Zero sublinha, por isso, o grande potencial da bicicleta como meio de transporte relevante entre Matosinhos/Leça da Palmeira, Senhora da Hora/São Mamede de Infesta e Mafamude/Vilar do Paraíso e o centro do Porto, apontando que deve ser criado “um sistema de bicicletas partilhadas integrado no passe intermodal”, além do desenvolvimento de uma rede de ciclovias nas vias de maior tráfego.

A Zero defende também com “muito alta prioridade” o estabelecimento de um corredor exclusivo para autocarros metropolitanos que “inclua a A43, a A20 e a saída no nó de Francos, uma vez que os tempos de viagem em transporte público, entre o centro geográfico da freguesia de Gondomar, Valbom e Jovim e a Casa da Música, chegam a ser o dobro dos tempos de viagem em carro privado”.

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