Volker Türk, alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos
Volker Türk, alto comissário das Nações Unidas para os Direitos HumanosFabrice COFFRINI / AFP

ONU "profundamente desiludida" com rejeição de direitos a aborígenes na Austrália

As divisões raciais latentes na Austrália foram reveladas em meados de outubro, quando pouco mais de 60% dos australianos votaram "não" num referendo sobre o reconhecimento dos aborígenes australianos na Constituição de 1901.
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O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, declarou-se hoje "profundamente desiludido" com o facto de os australianos terem rejeitado, num referendo, a concessão de mais direitos aos cidadãos indígenas do país. 

Volker Türk afirmou que, mesmo que o referendo tenha falhado, os problemas que pretendia resolver não desapareceriam.

As divisões raciais latentes na Austrália foram reveladas em meados de outubro, quando pouco mais de 60% dos australianos votaram "não" num referendo sobre o reconhecimento dos aborígenes australianos na Constituição de 1901.

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"Estou profundamente desiludido com a oportunidade perdida de reconhecer formalmente os povos aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres na Constituição australiana e de lhes dar mais voz no parlamento do país", afirmou Türk num comunicado.

No entanto, os dados das sondagens que revelam que os australianos mais jovens apoiam mais as alterações constitucionais encorajaram-no.

Türk disse também estar chocado com os níveis de alarmismo e desinformação registados durante a campanha do referendo.

Algumas publicações nas redes sociais afirmaram que a proposta de referendo levaria à confiscação de terras, criaria um sistema de 'apartheid' ao estilo sul-africano ou faria parte de uma conspiração da Organização das Nações Unidas (ONU).

Os líderes aborígenes australianos puseram termo ao seu voto de silêncio na segunda-feira para denunciar a rejeição, por parte de milhões de compatriotas, de uma iniciativa histórica a favor dos direitos dos indígenas, afirmando que o resultado do referendo ficaria "gravado para sempre na história da Austrália".

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Se fossem aprovadas, as reformas teriam criado um órgão consultivo - conhecido como uma "voz" no parlamento - para ajudar a resolver as desigualdades sofridas pelas comunidades indígenas.

Os aborígenes australianos representam 3,8% dos 26 milhões de habitantes do país.

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