O incêndio que deflagrou em Aljezur, no Algarve, já entrou no concelho de Lagos, onde obrigou à retirada de pessoas por precaução, disse à Lusa o presidente da Câmara, acrescentando que o vento está a dificultar o combate.“O vento está muito forte e com rajadas muito fortes. Há muitos meios no terreno a combater o fogo, mas, por uma questão de precaução, algumas pessoas tiveram de ser retiradas de casa”, na freguesia de Barão de São João, afirmou Hugo Pereira.O autarca não precisou quantas pessoas foram retiradas, mas especificou que foram as das “casas espalhadas pela mata [de Barão de São João] e da zona do perímetro urbano com a mata”.Essas pessoas estão concentradas em “dois ou três locais mais seguros” de Barão de São João, disse Hugo Pereira.Reafirmando que estão muitos meios no local e empenhados no combate ao fogo, o presidente da câmara sublinhou que o objetivo principal foi “salvaguardar a população”.Também contactado pela Lusa, o autarca de Aljezur disse que a situação acalmou naquele concelho quando o fogo se dirigiu para Lagos, havendo a registar uma frente “com alguma atividade”.De danos, há a registar que ardeu uma casa de segunda habitação e a retirada pontual de algumas pessoas de casa, situações que já foram resolvidas.“De qualquer forma, vai ser uma noite de muito trabalho”, afirmou José Gonçalves.De acordo com a página de Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, às 22:50 combatiam o incêndio 492 operacionais, apoiados por 173 viaturas.Em conferência de imprensa a final da tarde, o segundo comandante regional do Algarve da Proteção Civil, Abel Gomes, admitia que o fogo “continua fora de controlo, avançando com intensidade, alimentado pelo vento forte que afeta a região”.“O fogo está fora da nossa capacidade de extinção e não fez, até agora, qualquer vítima”, notou.O responsável explicou que o vento, com uma intensidade constante de 30 quilómetros por hora (km/h) e rajadas entre os 50 e os 60 km/hora, “tem sido o grande problema no combate”, fazendo com que as chamas tenham avançado 1.360 metros por hora, destruindo 52 hectares de mato e floresta em cada hora.Além do mato e floresta, as chamas destruíram uma casa de segunda habitação, que se encontrava desocupada, “a única situação confirmada até agora”, referiu.O presidente da Câmara de Aljezur, José Gonçalves, também presente na conferência de imprensa, confirmou a destruição da habitação, explicando que os serviços municipais “andam no terreno a fazer o levantamento e verificar se houve outras casas afetadas”.Por seu turno, o presidente da Câmara de Lagos, Hugo Pereira, disse que a "grande preocupação está agora na povoação de Barão de São João, uma zona que tem casas dispersas por uma vasta área".De acordo com o comandante Abel Gomes, o fogo “terá tido origem em trabalhos agrícolas”, cabendo à Guarda Nacional Republicana a investigação para apurar as causas.Abel Gomes reafirmou que o vento dificultava as operações de combate ao fogo, decidindo os bombeiros efetuar o combate aos flancos do fogo para diminuir a sua intensidade “para depois atacar a cabeça”.“Existe um potencial muito grande de as chamas evoluírem rapidamente, sendo a nossa preocupação a segurança de pessoas e animais”, realçou.Abel Gomes manifestou-se ainda preocupado com as condições meteorológicas, dado que, “a previsão aponta a continuação do vento até terça-feira”.O fogo obrigou também ao corte e condicionamento do trânsito em alguns troços rodoviários, nomeadamente nas estradas nacionais 120 e 268, entretanto reabertas ao tráfego, mantendo apenas a interdição em algumas estradas municipais, concluiu.O fogo teve início pouco depois do meio-dia.