Grande acidente de comboio em África
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Grande acidente de comboio em África

Um comboio de mercadorias, carregado de combustível, chocou com o ‘expresso’ internacional, que ligava Lourenço Marques a Bulavaio. Houve 60 mortos, 25 feridos e um cenário de enorme destruição. Em Paris, Pompidou esclarecia a posição de França face aos Estados Unidos.
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Moçambique, ainda colónia portuguesa, dominava a primeira página do DN há 50 anos. Um grande acidente de comboio fez mais de 60 mortos e 25 feridos em Limpopo. “Mais de 60 mortos e 25 feridos no choque frontal de dois comboios na linha férrea do Limpopo”, titulava o jornal. “Uma das composições, moçambicana, transportava combustíveis que caíram a arder sobre a outra, o comboio rodesiano internacional que faz a ligação Lourenço Marques-Bulavaio”, lia-se, no subtítulo.

O desastre foi gravíssimo. “Foi uma autêntica chuva de gasolina a arder, que dilacerou os corpos de homens, mulheres e crianças”, descrevia ao DN um jornalista moçambicano que esteve em contacto com Lisboa durante a tarde e a noite do dia do acidente. “As sete carruagens do comboio de passageiros ficaram completamente destruídas, reduzidas apenas às suas estruturas metálicas. Testemunhas oculares revelaram que os vagões da primeira  e segunda classe, do ‘expresso’ internacional, se fundiram uns nos outros, no meio de um verdadeiro inferno de chamas”.  

“O extenso comboio de mercadorias incluía várias carruagens com depósitos de ‘diesel’ que explodiram quando se deu o choque”. O cenário descrito era dantesco. “Estilhaços de todo o género de corpos humanos espalharam-se por vasta área (...).” Oacidente terá ficado a dever-se a “erro humano”.

Em Lisboa, o ministro do Ultramar, Baltazar Rebelo de Sousa [pai do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa] foi o primeiro a ter conhecimento do grande acidente ferroviário naquela, então, colónia portuguesa, da qual tinha sido governador. 

Em Paris, o já recuperado presidente George Pompidou esclarecia o que entendia por “colaboração entre a Europa e a América”. “Se os Estados Unidos pedirem à Europa que pratique uma política de informação e consultas, é evidente que a França, tal como os seus parceiros, concordará. No entanto, o que se está procurando é um acordo prévio dos Estados Unidos. AComunidade teria de submeter  o seu futuro interno (...) à apreciação dos Estados Unidos. Nesse caso, a França não concorda”.

No canto inferior esquerdo anunciava-se, para essa noite, mais um “Conversas em Família”, de Marcello Caetano.

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