O desequilíbrio na distribuição da população pelo território português acentuou-se entre 2011 e 2021, com perda de habitantes no interior e a concentração em torno de Lisboa e no Algarve, segundo os resultados definitivos dos Censos, divulgados esta quarta-feira..De acordo com as conclusões dos Censos de 2021, revelados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), Portugal perdeu 2,1% da população entre 2011 e 2021, para 10.343.066 no dia 19 de abril de 2021, invertendo a tendência de crescimento registada nas últimas décadas..A densidade populacional do país é de 112,2 habitantes por quilómetro quadrado (km2), mas acentuaram-se "os desequilíbrios na distribuição da população pelo território", com "um notório contraste entre os municípios localizados na faixa litoral do continente e os localizados no interior", destaca o INE.."O padrão de litoralização do país e de concentração da população junto da capital foi reforçado na última década. Cerca de 20% da população do país concentra-se nos sete municípios mais populosos, que abrange uma área de apenas 1,1% do território. No outro extremo, representando também cerca de 20% da população, temos os 208 municípios menos povoados e que ocupam 65,8% da área do país", descreve o INE..Os resultados definitivos dos Censos de 2021 mantêm a tendência já revelada aquando da divulgação dos dados preliminares pelo INE, muitas vezes apenas com diferenças de uma décima..Na Região Autónoma dos Açores, as ilhas de São Miguel e da Terceira registam o maior valor de densidade populacional, enquanto na Região Autónoma da Madeira é na parte sul da ilha da Madeira que se verifica a maior densidade..Em termos regionais, o Algarve (3,6%) e a Área Metropolitana de Lisboa (1,7%) foram as únicas regiões NUTS II (nomenclatura de unidade territorial para fins estatísticos) que registaram um crescimento da população..A Área Metropolitana de Lisboa tem mais 48.332 habitantes do que há dez anos (para um total de 2.870.208) e apenas quatro dos 18 municípios da região perderam população: Amadora (-2,1%), Lisboa (-1,2%), Barreiro (-0,53%) e Oeiras (-0,27%)..A população cresceu em 14 dos 18 municípios que integram a AML nestes dez anos, com os maiores aumentos a registarem-se em Mafra (+12,8%), Palmela (+9,6%), Alcochete (+8,9%) e Montijo (+8,7%)..As restantes regiões viram decrescer o seu efetivo populacional, com o Alentejo (-7,0%) e a Região Autónoma da Madeira (-6,4%) a registarem as descidas mais significativas..Considerando os 10 municípios mais populosos, e além de Lisboa e de Oeiras, também o Porto perdeu -2,4% da população e Matosinhos -1,7%..Os restantes seis municípios mais populosos - Sintra, Vila Nova de Gaia, Cascais, Loures, Braga e Almada - registaram crescimentos populacionais, com destaque para Braga, que registou o crescimento mais elevado, de 6,5%..No Alentejo, Portalegre, com uma queda de -10,4%, é a capital de distrito que mais perdeu população nos dez anos considerados..Os municípios dos territórios do interior do país perderam população e os que registaram um crescimento populacional situam-se predominantemente no litoral, com uma concentração em torno de Lisboa e no Algarve..Cerca de 50% da população residente em Portugal concentra-se em 31 dos 308 municípios, localizados maioritariamente nas Áreas Metropolitanas de Lisboa e Porto..Os municípios que se destacam pelo maior acréscimo populacional são Odemira (13,3%), na região do Alentejo, e Mafra (12,8%), na Área Metropolitana de Lisboa..Os que perdem mais população foram Barrancos (-21,6%), também no Alentejo, e Tabuaço (-20,7%), na região Norte..A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 5 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril de 2021.