Chuva deixa "cenário de destruição" em Manteigas. Município pede ajuda ao Governo

Presidente da Câmara diz que "os danos são enormes", com várias viaturas arrastadas pela força da água, casas e negócios afetados, além de estradas, iluminação pública, infraestruturas de água e saneamento.

A chuva intensa que caiu durante a madrugada arrastou terras e detritos das áreas ardidas da serra da Estrela e causou danos na freguesia de Sameiro, Manteigas, segundo fontes da proteção civil e do município.

Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Guarda, pelas 3:48 foi dado o alerta para um movimento de massa (deslizamento de terras) na localidade de Sameiro, concelho de Manteigas, distrito da Guarda.

A fonte referiu à Lusa que, devido à chuva que caiu com intensidade nas áreas que foram destruídas pelo incêndio que atingiu a serra da Estrela no mês de agosto, ocorreu um movimento de terras e os detritos "foram para o leito do rio [Zêzere] que ficou alagado".

O presidente da Câmara Municipal de Manteigas, Flávio Massano, fez uma publicação nas redes sociais, na qual escreveu que "as condições climatéricas anunciadas", que levaram a autarquia a tomar a decisão preventiva de encerramento da via ER 338, na serra da Estrela, "causaram um cenário de destruição" na freguesia de Sameiro.

"Estamos desde as 03:20 no terreno, hora a partir da qual ativei o Plano de Emergência Municipal (a ratificar posteriormente), para poderem ser mobilizados vários meios municipais, da freguesia, bombeiros, sapadores, GNR e, principalmente, de civis, que, neste momento, efetuam trabalhos conjuntos de desobstrução de canais, vias e habitações sob a orientação da Proteção Civil", escreveu.

Segundo o autarca de Manteigas, "os danos são enormes, várias viaturas foram arrastadas pela força da água, há casas e negócios afetados, estradas, iluminação pública, infraestruturas de água e saneamento, equipamentos desportivos e lúdicos, entre outros".

Flávio Massano indicou que, de momento, não tem informação de feridos, nem de desaparecidos, e está no terreno a avaliar a situação "a todo o instante".

Município pede ajuda ao Governo para reparar prejuízos

O presidente da Câmara de Manteigas disse esta terça-feira à agência Lusa que a autarquia precisa da ajuda do Governo para reparar os prejuízos causados pela chuva intensa que afetou a freguesia de Sameiro, na serra da Estrela.

"Estamos a falar de ajuda do Governo para evitar estas ocorrências e de ajuda do Governo para recuperarmos estes danos. Tenho estado em contacto com o Governo. O Governo está sensibilizado, está a par do que está a acontecer em Manteigas. É preciso mobilizar todos os meios", declarou Flávio Massano.

"Estamos a falar de prejuízos de larga escala", admitiu o responsável.

Pelas 13:00, o autarca disse à Lusa que já foram desobstruídos todos os canais e foi retirada a maior parte dos detritos do incêndio, "mas podem vir novos detritos encosta abaixo".

Na aldeia de Sameiro vários troncos de árvores de "porte enorme", vários carros, iluminação pública, grades, gradeamentos, parte de pontes e parte de caminhos agrícolas e de estradas "foram arrastadas pela força da água", relatou.

"Ontem à noite não havia muito a fazer, porque a intensidade foi tal que quando a água desceu, desceu com uma velocidade alucinante e trouxe tudo aquilo que encontrou pela frente", disse.

Flávio Massano referiu que a corrente destruiu muitas infraestruturas públicas, muitos caminhos públicos, calçadas, pontes, gradeamentos e também afetou o campo de jogos e a piscina da freguesia.

Também tem registo de "muitos danos" em privados, ao nível de telhados, paredes e muros.

"Temos várias equipas mobilizadas no terreno para impedirem que a situação que ocorreu ontem à noite, bastante devastadora do património desta freguesia, volte a acontecer. Contudo, aquilo que estamos neste momento a sentir no território é que a água está a engrossar novamente e a possibilidade de ocorrer o mesmo fenómeno é bastante provável", concluiu.

Segundo a página da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), pelas 13:30 estavam no terreno 98 elementos e 30 viaturas.

Além dos prejuízos causados pelas cheias, que ainda não estão determinados, Flávio Massano admite que agora é preciso somá-los aos 2,5 milhões de euros relativos a "danos em infraestruturas municipais" causados pelo recente incêndio que atingiu a serra da Estrela.

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