Isabel Santos: "Seria uma negação dos nossos valores [europeus] continuar a assistir às mortes no Mediterrâneo"

10 perguntas à queima-roupa, 10 respostas na ponta da língua. Nesta rubrica, o DN desafia personalidades a comentar assuntos quentes do país e do verão. Hoje é a vez da eurodeputada socialista, com pelouros na área das Relações Externas e Direitos Humanos, Isabel Santos.
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Estado da Nação?
Estamos a resistir a um ciclo de crises profundas e, apesar de tudo, há sinais, em termos da dinâmica social e da dinâmica económica, que nos dão algum conforto, apesar da dificuldade. Estamos a resistir.

Direitos humanos.
Uma grande preocupação. O último relatório de Direitos Humanos da União Europeia diz que mais de 70% da população mundial nos últimos anos sofreu um agravamento das condições de Direitos Humanos e democracia nos seus países. É algo a que temos que prestar muita atenção.

Risco?
Tudo é arriscado, até respirar. Gosto de enfrentar o risco, não há nada como arriscar, porque quem não arrisca, como diz o povo, não petisca.

Futuro da Europa?
Quer-se forte, quer-se resistente. A Europa é aquela bela menina que continua uma menina, apesar de mais de sete décadas da União Europeia, mas é um futuro que se vai fortalecendo com o tempo. Temos de o trabalhar, temos de o robustecer, temos de robustecer a intervenção nas dinâmicas de paz, de desenvolvimento à volta do mundo. O diálogo com outras geografias, sobretudo com a América Latina e com África, tem de ser muito robustecido e os últimos acontecimentos estão a evidenciar que sim, que temos de trabalhar muito essas dinâmicas de diálogo que têm a ver com uma efetiva cooperação e desenvolvimento, com o robustecimento da paz, sobretudo com a promoção da paz e da estabilidade.

Ler ou escrever?
As duas coisas. Realmente, para mim, as duas coisas. Gosto de ler, mas também gosto muito de escrever quando estou inspirada, sobretudo ao final do dia.

Verão?
Verão é férias, mar e, às vezes, férias interrompidas, porque há situações de emergência e temos de sair em missões. Isso já me tem acontecido. Se é praia ou campo? As duas coisas, se possível. Geralmente passo férias na zona de Fão, entre a praia e o campo.

Liberdade?
Um bem imprescindível, escasso, muito escasso, mas do qual não podemos nunca abdicar. Gostava de ter mais liberdade, sobretudo na gestão do tempo. Essa é a minha grande angústia, a liberdade da gestão do tempo. Há de chegar o dia.

Doçura ou travessura?
As duas coisas. Adoro um doce e adoro uma boa travessura. O meu doce favorito? Tantos, mas tantos. Gosto muito de tudo o que seja doces conventuais, muitos ovos, muitas calorias.

Imigrantes.
É uma realidade que temos de enfrentar, com a criação de condições de dignidade. Os dados são claros: desde 2014, os movimentos migratórios têm-se intensificado, mas temos de ter bem presente que só 16% dos migrantes e refugiados procuram os países mais desenvolvidos. Geralmente ficam na vizinhança do seu país. Falar de uma crise migratória em direção à Europa é algo que não faz sequer sentido. Sobretudo quando sabemos que estamos a atravessar um longo inverno demográfico, que temos espaço para acolher essas pessoas. Por exemplo, a Alemanha, até 2050, perderá cerca de 11 milhões de pessoas em idade ativa. Tudo isto tem um impacto muito forte nas nossas economias. Não podemos desperdiçar nem talento, nem energia, nem a capacidade empreendedora dessas pessoas. Seria desumano e uma negação dos nossos valores atuar como temos vindo a atuar e continuar a assistir às mortes no Mediterrâneo.

Um podcast para férias?
O meu podcast, Conversas Vadias. Na última edição teve a participação do presidente do Observatório Europeu para a Droga, agora Agência Europeia para a Droga. Na próxima irá abordar a educação no Tibete e a forma como a China tem promovido a destruição cultural do Tibete e está a cometer lá um autêntico genocídio.

Ouça aqui o podcast:

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