PAULO NOVAIS/LUSA
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Agricultores em protesto bloqueiam estradas por todo o país

A23, A6, IC5, IC1, EN16 e EN260 são algumas das vias com cortes. Agricultores da zona do Baixo Mondego vão reunir com a Direção Regional de Agricultura e Pescas e pernoitar em Coimbra.
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Centenas de agricultores estão esta quinta-feira a bloquear estradas em todo o país, para alertar para o baixo rendimento e as dificuldades crescentes nesta atividade.

No distrito de Vila Real, os agricultores fizeram esta tarde duas marchas lentas na aldeia fronteiriça de Vila Verde da Raia, Chaves, e em Salto, Montalegre. 

A meio da tarde, 15 tratores saíram do centro de Vila Verde da Raia e percorreram a estrada municipal 103-5 até à antiga fronteira, cerca de cinco quilómetros, onde fizeram inversão de marcha para a aldeia.

Já em Salto, segundo fonte da GNR, foram cerca de 30 tratores e outros veículos que percorreram em marcha lenta a estrada regional 311 até ao limite do concelho e do distrito de Vila Real com Braga.

Também em Trás-os-Montes, mas no distrito de Bragança, os agricultores que estão a condicionar o acesso a Espanha pela fronteira da Bemposta, em Mogadouro, no distrito de Bragança, prometem manter o protesto "os dias que forem precisos" até serem recebidos pela ministra da Agricultura.

Desde o início da tarde que cerca de 60 tratores e outras máquinas agrícolas estão a condicionar o acesso à fronteira da Bemposta, sendo, no entanto, possível atravessar para Espanha.

O grupo, que partiu do nó de acesso ao Itinerário Complementar (IC) 5 em Mogadouro pelas 12:30 e demorou cerca de 45 minutos a chegar à fronteira da Bemposta, reúne agricultores do Planalto Mirandês (Mogadouro, Miranda do Douro e Vimioso) e ainda do Douro Superior, nomeadamente Torre de Moncorvo e Freixo de Espada à Cinta.

Um pouco mais a sul, o bloqueio da A23 pelos agricultores, na zona do Alto de Leomil, no concelho de Almeida, está a provocar constrangimentos sobretudo à circulação dos camiões que têm de entrar ou sair de Portugal pela fronteira de Vilar Formoso.

O trânsito está a ser desviado para a EN 16 entre o nó de Pínzio, no concelho de Pinhel, e Vilar Formoso (Almeida), no distrito da Guarda. Há um corredor na A23 para passagem de ambulâncias em marcha de urgência.

Agricultores durante o protesto que cortou a Autoestrada 25, entre o nó de Leomil e Vilar Formoso,

Também na região Centro, os agricultores da zona do Baixo Mondego que "invadiram" durante esta tarde a Avenida Fernão Magalhães, na Baixa de Coimbra, vão reunir com a Direção Regional de Agricultura e Pescas e pernoitar na cidade.

Mais de 200 tratores e máquinas agrícolas começaram a entrar na cidade de Coimbra às 14:00 e pouco depois das 15:00 já bloqueavam por completo uma parte daquela artéria, no sentido do centro da cidade. Às 16:00, a circulação automóvel já era permitida numa via em cada sentido da avenida.

Os manifestantes salientaram à agência Lusa que vão pernoitar no local e que os tratores e máquinas agrícolas já não vão sair do sítio que ocupam.

Manifestação de agricultores em Coimbra

Noutra latitude, os agricultores do Ribatejo e Oeste voltaram a concentrar-se pelas 16:00 na Ponte da Chamusca, após uma breve arruada junto a um acesso da Autoestrada 23 (A23), sem provocar o corte da via, informou o Movimento Civil de Agricultores.

Já no Alentejo profundo, os agricultores bloquearam a Autoestrada 6 (A6) junto à fronteira do Caia, em Elvas, no distrito de Portalegre, e estão a permitir a passagem de veículos prioritários e 10 camiões de hora a hora.

Foi o caso de um camião cisterna com glucose de milho, já que, como explicou aos manifestantes um militar da GNR que acompanhava o pesado e a agência Lusa ouviu, a sua permanência no local, devido às altas temperaturas, podia provocar um prejuízo de 30 mil euros. Os manifestantes compreenderam e deixaram passar o camião, que seguiu viagem, acompanhado pelo militar da GNR, por uma estrada secundária paralela à A6 até Espanha. Esta situação aconteceu num dos pontos de bloqueio dos três que foram montados pelos agricultores na A6.

Também estão a passar autocarros e carros que transportem grávidas, crianças ou doentes, assim como 10 camiões de hora a hora, após uma suposta exigência da GNR.

Um agricultor participa no protesto durante o bloqueio da Autoestrada 6

Mais a sul, os tratores cortaram a Estrada Nacional 260 (EN260) na fronteira de Vila Verde de Ficalho, no concelho de Serpa, distrito de Beja, tendo os agricultores inclusivamente montado um grelhador numa área de campo, onde cozinharam bifanas de porco preto. 

Já no distrito de Setúbal, a circulação no Itinerário Complementar 1 (IC1) junto à localidade de Mimosa, no concelho de Santiago do Cacém, está cortada ao trânsito nos dois sentidos, desde as 11:00.

Os agricultores estão hoje na rua com os seus tratores, de norte a sul do país, reclamando a valorização do setor e condições justas, tal como tem acontecido em outros pontos da Europa.

O protesto, uma iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, decorre um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

O pacote abrange entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

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