31 pessoas foram detidas em Portugal, 1,4 milhões de euros apreendidos e 50 contas bancárias foram congeladas numa operação internacional coordenada pela Interpol em que participou a Polícia Judiciária (PJ)..Em comunicado, a PJ explica esta sexta-feira que esta operação internacional de combate ao crime organizado na África Ocidental, denominada JACKAL, teve como alvo a organização criminosa Black Axe, de estilo mafioso e conhecida por fraudes financeiras praticadas por meios informáticos e branqueamento de capitais..Back Axe "é conhecido por ser um grupo que utiliza a violência até de estilo mafioso" e "por este tipo de ilícitos, fraudes financeiras" levadas a cabo "por meios informáticos e o branqueamento de capitais", referiu Carlos Cabreiro, diretor da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica..A Judiciária participou nesta operação, através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica - UNC3T, entre 15 e 29 de maio deste ano..Em Portugal, a operação levou à detenção de 31 pessoas, (14 são estrangeiras e 17 são cidadãos nacionais), à apreensão de cerca de 1,4 milhões de euros, ao congelamento de 50 contas bancárias, à identificação de 48 suspeitos e à abertura de 28 investigações..A nível global, a ação das diversas forças policiais permitiu apreender cerca de 2,15 milhões de euros, deter 103 cidadãos, identificar de 1.110 suspeitos e bloquear 208 contas bancárias..Carlos Cabreiro, diretor da Unidade de Cibercrime da PJ, explicou que "os crimes que estavam subjacentes a este tipo de atividade criminosa são conhecidos por 'CEO Fraud'", quando os criminosos se intrometem nos emails dos CEO's das empresas, também conhecido como 'mandate fraud' ou 'business email compromise (BEC)'.."Em termos técnicos, algumas das situações estão ligadas aos chamados dólares negros e às cartas da Nigéria. Modus operandi que, sendo conhecidos de todas as polícias, estavam na base da prática deste grupo de criminosos", referiu..O responsável da PJ afirmou que "a estrutura era bem definida com líderes, com os chamados criminosos profissionais e técnicos que estavam na base dos crimes cometidos". Esquema incluía ainda "angariadores de vítimas" e de "pessoas que se disponibilizavam a receber nas suas contas" somas avultados "para a fase de branqueamento de capitais", os denominados "money mules" (mulas de dinheiro, em tradução livre).O branqueamento de capitais era apoiado por contas criadas pelas "money mules", sendo que "era frequente a abertura de empresas de fachada, que não tinha atividade"..Também era frequente "o recurso a sistemas internacionais para a remessa de fundos", bem como "casas de câmbio, casinos online, casas de apostas online e ainda o recurso a criptoativos"..Carlos Cabreiro admitiu que a proximidade geográfica com África Ocidental pode ter contribuído para que "grande parte do trabalho, um terço dos detidos, tenha ocorrido em território nacional". "Esse destaque é feito pela própria Interpol, disse.."Não vemos outra relação a não ser essa, de proximidade, porque estamos a falar de um crime de cariz global, baseado em tecnologia em que a distância não é assim tão determinante, mas quiçá será essa a principal justificação para que em Portugal tenhamos feito 31 detidos", disse o responsável pela PJ..Nesta operação internacional participaram 21 países: Além de Portugal, envolveu a Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canada, Costa do Marfim, França, Alemanha, Indonésia, Irlanda, Itália, Malásia, Países Baixos, Nigéria, África do Sul, Espanha, Suíça, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Estados Unidos da América.