Sem UE e sem ajuda russa, o Chipre volta à taxa sobre os depósitos

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O Chipre pode voltar ao plano A e taxar os depósitos dos grandes

depositantes, depois de a Rússia ter recusado nova ajuda financeira

e de o BCE ter pressionado uma decisão até à próxima

segunda-feira.

Ontem, para a discussão no Parlamento, o governo levou duas

opções: uma alternativa à taxa sobre os depósitos passaria pela

fusão dos dois maiores bancos e criação de um fundo de

solidariedade. E um regresso ao plano inicial - taxar os depósitos -

mas deixando de fora os pequenos aforradores e esticando o imposto -

para os grandes - até uma taxa máxima de 15%. Até à hora de fecho

desta edição, ainda não havia uma resposta do Parlamento, mas à

entrada para a reunião, o porta-voz do governo assegurava que "cada

minuto que passa pode conduzir o país a uma falência desordenada".

O regresso ao Plano A é a prova de que os cipriotas perderam

todas as alternativas, especialmente depois de Moscovo mostrar que só

ajuda depois da proposta europeia e de o BCE querer respostas até

segunda.

Com a instabilidade a reinar, há quatro cenários possíveis:

Cenário 1: Imposto volta

Ao impor uma taxa aos depósitos superiores a 100 mil euros,

Chipre pode resolver a liquidez no curto prazo e assegurar o resgate.

Os depositantes estrangeiros seriam bastante atingidos e esse é um

dos motivos pelos quais Chipre recuou - algo que a classe política

europeia estranha, visto que a maioria dos países europeus se

preocupa sobretudo com a população local.

Cenário 2: Ainda a Rússia

O ministro das Finanças cipriota, Michael Sarris, foi a Moscovo

pedir ajuda, mas mais empréstimos só vão engordar a enorme dívida

à Rússia. Opção: vender. Ou chegam a acordo com a Rússia sobre

reservas de gás natural (que não estão quantificadas) ou o país

de Medvedev compra e recapitaliza um dos bancos cipriotas em crise. O

Gazprombank, braço financeiro do gigante energético Gazprom,

poderia adquirir o banco Laiki, segundo maior de Chipre e que está

em piores condições. A dúvida é se a UE aceita.

Cenário 3: Zona euro cede

Nicósia poderá estar à espera que a possibilidade de uma saída

do Chipre do euro atemorize o resto do bloco e que uma solução seja

encontrada sem que o país tenha de destruir a sua reputação como

centro financeiro internacional. O país tem sugerido um plano para

nacionalizar os seus fundos de pensões e angariar 3 a 5 mil milhões

de euros, algo que a Alemanha rejeitou. Seria necessária supervisão

externa e extensa reestruturação do sistema financeiro, que Nicósia

quer evitar.

Cenário 4: O desastre

O BCE é o único que mantém os bancos cipriotas à tona de água.

A partir de segunda-feira, sem acordo, retira o apoio e deixa-os

afundar. Chipre vai tornar-se uma economia sem dinheiro ou Nicósia é

forçada a emitir a sua própria moeda, saindo do euro.

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