João Semedo acusa PCP de "malabarismo"

Ex-líder do BE responde aos comunistas por causa do financiamento partidário. Para João Oliveira o bloquista "não merece resposta".
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As críticas do PCP ao Bloco de Esquerda durante o debate parlamentar sobre financiamento partidário ficaram então sem reação dos bloquistas, mas tiveram agora resposta do antigo líder do partido, João Semedo. Para este dirigente a posição assumida pelo líder parlamentar comunista, João Oliveira, não é mais do que "um malabarismo".

No debate da passada quinta--feira João Oliveira teceu duras críticas aos bloquistas, acusando-os (e ao CDS) de cavalgar o discurso antipartidos da extrema-direita. Em causa o facto de bloquistas e centristas defenderem o fim da isenção do IMI (imposto municipal sobre imóveis) sobre o património dos partidos, atualmente previsto na lei.

Se as críticas do PCP - que não tiveram qualquer reação do BE - foram duras, João Semedo responde agora na mesma moeda. "Louve-se a preocupação de João Oliveira em defender "a democracia e o papel dos partidos". Contrasta com a simpatia do seu partido pelos regimes de partido único: China, Cuba, Laos, Vietname e Coreia do Norte (tese 1.3.15 do projeto de resolução política do próximo congresso do PCP)", aponta o antigo líder bloquista, num texto publicado no site esquerda.net.

Citando a posição do PCP, que apresentou um projeto de lei com significativos cortes ao financiamento partidário, o antigo deputado questiona por que razão a bancada comunista considera legítimo cortar no financiamento aos partidos, mas não nos benefícios fiscais de que estes gozam.

"Portanto, para João Oliveira, cortar nos benefícios fiscais é "atacar os partidos para atacar a própria democracia". Mas cortar no financiamento público dos partidos já contribui para "defender a democracia e o papel dos partidos". É difícil conseguir maior malabarismo... Se isenções e financiamento são ambos benefícios e se precisamente o que se pretende é reduzir esses benefícios para níveis aceitáveis, como explica João Oliveira que se corte num (financiamento) e não se corte no outro (isenções fiscais)?", questiona o ex--líder bloquista.

Para João Semedo "manter as isenções fiscais mesmo que se reduza o financiamento dos partidos não defende nem a democracia nem os partidos. Pelo contrário, defender a perpetuação de benefícios injustificados contribui para minar a confiança dos cidadãos nos partidos e na democracia". Sustentar que o fim dos benefícios fiscais é "uma nova cavalgada oportunista antipartidos", acrescenta, é um "raciocínio tão primário quanto demagógico".

No debate parlamentar da última quinta-feira, João Oliveira acusou Bloco de Esquerda e CDS de "oportunismo e cedência à demagogia e ao populismo". "As regras relativas ao IMI e a outros impostos são iguais para todos os partidos e foram aprovadas por unanimidade. Porque é que ao fim de todos estes anos CDS e Bloco de Esquerda, que beneficiaram destas isenções, vêm agora dizer que não estão de acordo com elas?", questionou então o líder parlamentar comunista, acrescentando que os dois partidos se colaram a "uma cavalgada que por essa Europa fora é utilizada pelos movimentos de extrema-direita de cariz fascista que atacam os partidos para atacar a democracia". "Se não se estranha que o CDS queira acompanhar o discurso da extrema-direita, não deixa de ser preocupante que também o Bloco de Esquerda o faça", disse ainda o líder parlamentar comunista. O CDS respondeu então às críticas, o Bloco de Esquerda nada disse.

Questionado pelo DN sobre o texto de João Semedo, João Oliveira foi lacónico: "Não merece resposta."

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