Rui Rio antecipa-se a Costa e viaja hoje para Luanda
O presidente do PSD, Rui Rio, está hoje a caminho de Luanda, poucos dias depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter transferido para aquele país o processo judicial que envolve o ex-presidente angolano Manuel Vicente. Rio viaja com Tiago Moreira de Sá, professor universitário da Nova e presidente da Comissão de Relações Internacionais do PSD.
Ao que o DN conseguiu apurar, será uma visita curta, com o regresso previsto já para sexta-feira. O principal objetivo é mesmo o encontro com o presidente de Angola João Lourenço. Rui Rio antecipa-se assim à visita oficial do primeiro-ministro António Costa, cuja realização tem sido apontada para o mês de julho.
Em maio, quando o tribunal de Relação anunciou a transferência do processo de Manuel Vicente para Angola, onde serão investigadas as suspeitas corrupção ativa de um magistrado do Ministério Público português (Orlando Figueira), branqueamento de capitais e falsificação de documento, Rio considerou "muito positivo" e "uma boa notícia" para as relações entre Portugal e Angola.
"É, obviamente, uma boa notícia para as relações entre Portugal e Angola", mas "temos que ter consciência, ao longo de todo este processo, que há uma real separação de poderes em Portugal e, portanto, o poder político não podia fazer nada, nem devia fazer nada, relativamente a isto", afirmou o líder social-democrata.
Em declarações aos jornalistas, Rui Rio afirmou que, "a partir do momento" em que o caso "ficou sempre na esfera do poder judicial, e o poder judicial resolveu da forma como resolveu, do lado do poder político é muito positivo" este envio do processo para Angola porque as relações de Portugal com este país "são vitais para o desenvolvimento de ambos". O líder social-democrata disse ainda esperar que as relações entre Portugal e aquele país "se normalizem".
"Nem vejo agora razão nenhuma para não se normalizarem e é muito importante para Portugal ter, para lá da sua relação com a Europa, uma boa relação com o Atlântico" e com "os países de expressão portuguesa", no âmbito dos quais "Angola tem um papel absolutamente preponderante".
Segundo Rui Rio, "era muito mau, quer para Angola, quer para Portugal, arrastar-se a situação que se vinha vindo a arrastar", mas "é preciso compreender" que se trata de "uma matéria do foro judicial", na qual "o poder político não tem responsabilidade".
No passado dia 22 de junho, a PGR informou que, enquanto autoridade central para a cooperação judiciária, enviou já à congénere de Angola a certidão digital respeitante ao processo que envolve Manuel Vicente.