"O PS traiu a sua própria origem"

Um dos fundadores do PS, António Campos, lamentou a decisão de Sócrates e criticou o partido, que, diz, "embarcou em julgamentos populares"
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António Campos, um dos fundadores do PS, entende a posição de José Sócrates, mas lamenta a saída do antigo primeiro-ministro do partido, condenando forma veemente a atitude do partido, que considera ter entrado em "julgamentos populares".

Aos microfones da TSF, o histórico socialista refere que Sócrates "tem toda a razão em estar revoltado" e critica o PS. "O partido traiu a sua própria origem", defende.

"Eu fui deputado constituinte. A Constituição era a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos e o Partido Socialista é o partido da liberdade. Eu estive de acordo com a direção do partido quando esta dizia que o que era da justiça era da justiça, o que era da política era da política", disse à agência Lusa António Campos. Mas o partido saiu do ADN da sua fundação e passou a entrar "nos julgamentos populares".

Segundo António Campos, "o partido não cumpriu o seu dever para com" o antigo primeiro-ministro. "Lamento muito que Sócrates saia", admite. "Ele foi vítima de violações sistemáticas do estado de direito. O meu partido esteve sempre calado e agora entra no PREC dos julgamentos populares em vez de se preocuparem em pôr o estado de direito a funcionar", disse.

José Sócrates, 60 anos, é o principal arguido na Operação Marquês, em que está acusado de vários crimes económico-financeiros, incluindo corrupção e branqueamento de capitais. No âmbito da investigação, esteve preso preventivamente durante 288 dias, entre novembro de 2014 e setembro de 2015.

Sócrates aderiu ao PS em 1981, e foi secretário-geral do partido entre 25 de setembro de 2004 e 06 de junho de 2011.

Em 2005, obteve a primeira maioria absoluta do PS em eleições legislativas e foi primeiro-ministro até 2011, depois de o seu Governo ter pedido ajuda financeira ao Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu.

Num artigo publicado hoje, José Sócrates disse que a sua saída do PS visa acabar com um "embaraço mútuo", após críticas da direção que, na sua opinião, ultrapassam os limites do aceitável.

Com Lusa

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