Cinco mil presos trabalham em empresas e câmaras. E ganham 660 euros por mês
Todos os dias úteis a cadeia de Torres Novas envia reclusos que estão em regime aberto (os que estão quase a meio ou no fim da pena) para trabalharem nas autarquias de Vila Nova da Barquinha e Almeirim, nas obras públicas e na limpeza das matas. O modelo da cadeia torrejana, muito virada para a reinserção social, "podia ser mais replicado no país", defende a diretora da prisão, Paula Quadros. Neste sistema, os municípios empregam presos nas obras municipais pagando-lhes 22 euros por dia, algo que muitas empresas também fazem. São contratos de um ano, renováveis. Por mês, os presos recebem 660 euros.
Segundo um relatório dos serviços prisionais a que o DN teve acesso, 38% da população reclusa em Portugal está a trabalhar, quer em empresas quer em autarquias. Ou seja, 5047 presos num universo de 13 378 (à data de 31 de dezembro de 2014). Assistiu-se, no ano passado, a uma subida de 394 postos de trabalho para presos dos regimes abertos, mais 4% do que em 2013.
Trabalha, tira a carta e escreve
Há prisioneiros que se motivam e motivam os outros, agarrando o presente a pensar no futuro. Um deles está na cadeia de Torres Novas e é nomeado pela diretora do estabelecimento, Paula Quadros, como um exemplo. Trata-se de Nuno Gonçalves, 31 anos, que cumpre pena por ter conduzido sem carta desde adolescente, acumulando dezenas e dezenas de multas. Nuno, que conserva um ar travesso de criança, foi condenado a sete anos de prisão, pena pesada para a qual contribuiu ter andado mais de quatro anos fugido à justiça e a viver numa aldeia da Guarda com identidade falsa (era o Miguel).
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