Raimundo não recusa nova geringonça, mas impõe condições. Inês Sousa Real diz ser "difícil" ter acordos com AD

Raimundo não recusa nova geringonça, mas impõe condições. Inês Sousa Real diz ser "difícil" ter acordos com AD

Líder do PAN procurou acentuar o que separa o seu partido do PCP. Paulo Raimundo relativizou. E houve, claro, debate sobre as "touradas" e sobre "incoerências".
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Pode Paulo Raimundo ser como Jerónimo de Sousa e aceitar uma geringonça com o PS de Pedro Nuno Santos? O secretário-geral do PCP ainda demorou uns minutos até dar a resposta final.

O tempo gasto serviu para dizer que “nunca” colou o “ PS à direita”, que “apenas” sublinhou “factos”, que até esta quarta-feira houve mais uma “anuência e concordância do PS” com o PSD – o pedido do Governo de uma cláusula de salvaguarda para investir em Defesa sem afetar o défice –, que até no “salário mínimo” a diferença entre “os dois” é de “10 euros”: “O PS propõe 1100 euros de salário mínimo em 2029, o PSD propõe 1110”.

Mas depois, e após “estranhar quem fica incomodado” com as criticas, veio a frase da aceitação de uma nova geringonça: “Nunca falhámos às soluções”. As condições? “Mas o PS tem de mudar o programa”.

E o PAN é um partido de esquerda? Inês Sousa Real, que já disse não ser o seu partido nem de esquerda nem de direita – à semelhança do que diz a IL, desta vez optou carimbar o PAN como “contraponto”, “força “responsável”, um partido “alinhado com as preocupações dos portugueses”, um partido, resumiu, das “causas ao centro do debate político”.

E como exemplos apontou as “causas” do “SNS animal”, do “combate às touradas”, da preocupação com “as alterações climáticas”.

Linhas Vermelhas? “É muito difícil acordos com o Governo da AD”.

A partir daqui, e logo após Paulo Raimundo ser questionado sobre se a “CDU não fala para os jovens?”, Inês Sousa Real procurou estabelecer as diferenças “ideológicas” com os comunistas recorrendo às interrupções ou a comentários breves sobre o que ia dizendo o secretário-geral do PCP.

Paulo Raimundo ainda demorou a responder diretamente à pergunta, mas acabou por dizer que “quando falamos de salários, de precariedade”, da “geração dos mil euros brutos falamos dos jovens”.

A questão do IRS Jovem, do IMT, dos “incentivos aos jovens” para a compra de habitação – que separam PAN e PCP – tem nas palavras do líder dos comunistas uma resposta sob a forma de pergunta: “Com essas medidas o preço das casas baixou?”. Inês Sousa Real tenta contrariar a leitura de Paulo Raimundo que de imediato responde: “Não, houve aumentos”.

“Objetivamente, nenhuma medida permitiu a descida do preço das casas”, acentua. Inês Sousa Real contraria a versão de Raimundo sublinhando a importância do IRS Jovem prometendo que com as “propostas do PAN, o sonho de casa própria” para os jovens “consegue ser alcançado”.

“A quem vão recorrer?”, questiona Paulo Raimundo, que dá logo a resposta: “À banca”. A solução? Exigir que a banca contribua para este benefício. A banca lucrou 6,3 mil milhões e mais de metade foi comissões bancárias”.

A proposta do PAN de baixar o IRC até 17% acentuou divisões. Inês Sousa Real não responde diretamente à questão da “incoerência” de uma medida que “vai beneficiar empresas” que critica optando por esclarecer que a questão “não pode ser vista isoladamente”.

Na questão da “transição energética”, Inês Sousa Real que recusa “fundamentalismos” do PAN e “constrangimentos” ao desenvolvimento do país, alegou, por exemplo no caso lítio, que “Portugal não é suficientemente competitivo” para arriscar “danos irreparáveis”.

Paulo Raimundo defende que “o país tem o dever e o direito de conhecer os recursos quem tem” para depois decidir o “desenvolvimento”.

Depois surgiu um mini-debate sobre quem votou o quê de cada uma dos dois partidos. E daí para as “touradas” foi um passo.

O secretário-geral do PCP disse respeitar “as opiniões diferentes sobre esta matéria e percebo a sensibilidade de quem coloca esta como uma questão central” sublinhando que “não é por decreto, nem pela força” que se acaba com uma “tradição, independentemente da avaliação que fazemos delas”.

"Visão" contrária tem a líder do PAN que repete os argumentos do “retrocesso” recusando que seja “imposição ideológica” do seu partido por ser, garante, também “uma visão da larga maioria dos portugueses”.

“Temos tanta coisa para resolver”, tinha desabafado minutos antes Paulo Raimundo.

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