Pedro Duarte recusa acordo com o Chega no Porto e quanto isso quis ser “muito claro”. “Em caso algum ponho a hipótese de fazer um acordo de governação com o Chega. Nunca o aceitarei, nunca darei pelouros aos vereadores que eventualmente o Chega venha a eleger”, garantiu. O candidato à câmara municipal do Porto, em entrevista ao DN a publicar na íntegra a 8 de setembro, faz questão de explicar o que quis dizer quando afirmou que, em autárquicas, as linhas vermelhas não fazem sentido. Uma declaração contrária ao que defendera até então, enquanto ministro dos Assuntos Parlamentares, dirigente do PSD e subscritor firme do “Não é não” de Luís Montenegro. O que mudou? “Nada mudou”, diz o candidato. “Aquilo que afirmei, e reafirmo, é que no âmbito autárquico temos a obrigação democrática de estar abertos a acolher contributos de todos e, portanto, que tratarei os vereadores do Chega, se forem eleitos, como a todos os outros”, até porque, acrescenta, “temos de ter humildade democrática”. “Quando for presidente da câmara do Porto, o meu partido passa a ser o Porto. Tenho, por isso, a obrigação ética de ouvir a todos, de acolher a todos”, garante. Em que matérias “acolherá” o Chega? O candidato exemplifica com a segurança e a necessidade de “endurecer” o combate ao crime: “A segurança é de facto uma dessas matérias. O problema da segurança no Porto tem, se quisermos, duas fontes principais. O tráfico de droga e, depois, focos mais concretos que têm a ver com determinadas comunidades de imigração que estão identificadas e que elas próprias têm uma atitude de criminalidade associada.” E deixa claro que o problema “não está na nacionalidade, mas nos comportamentos”. Porém, “mesmo nestas matérias, dependerá sempre muito do que o Chega vier a propor”. As razões que impedem um acordo de governação São três os motivos que impedem um acordo de governação com o partido de Ventura. São razões de “princípio, de responsabilidade política e de sentido prático”. “Primeiro, porque olhando a algumas atitudes parecem-me contrárias ao princípio humanista, e até liberal, no sentido defesa da liberdade, que a cidade do Porto sempre demonstrou ter”. Em segundo lugar, “por um critério de responsabilidade política, na medida em que não estudam, não avaliam, não medem, enfim, propõem o que lhes vem à cabeça”. A terceira razão, “igualmente muito importante”, tem a ver com a estabilidade governativa. “Um acordo de governação só faz sentido se for para reforçar a estabilidade governativa e dar sustentabilidade a um projeto”, refere. “Ora”, conclui, “se há coisa que o Chega não é confiável. Nunca saberia se um dia depois do acordo esse acordo ainda era válido, e isto para mim é muito claro”. O ex-ministro dos Assuntos Parlamentares garante que não faz cálculos políticos. Nem tendo em conta que o candidato autárquico do Chega à câmara da cidade, Miguel Corte Real ainda há um ano liderava a bancada social-democrata na assembleia municipal do Porto, disputando eleitorado nessa área política. “Estou relativamente pouco preocupado com os outros candidatos. Estou sobretudo muito confiante no meu projeto político e é nisso que quero apostar”, diz Pedro Duarte, garantindo que a hipótese de um acordo pré-eleitoral com o Chega nunca esteve, igualmente, em cima da mesa. “Não, nem pensar”.