Debate AD-PAN. "Touradas", "caça", "profetas da desgraça", "os extremismos"... e uma "Miss Mundo"
A representatividade voltou, mais uma vez, ao debate. Inês Sousa Real questionou a legitimidade de Nuno Melo, a quem apelidou de “porta-voz de Luís Montenegro” – devido à ausência do líder do CDS neste frente-a-frente. O líder do CDS e ministro da Defesa respondeu numa frase: “A minha presença aqui é legítima. Gostava de poder falar daquilo que realmente interessa”.
A líder do PAN apontou ao primeiro-ministro o que chamou de “retrocessos”, referindo-se às políticas do Governo. “As políticas não são de Luís Montenegro”, atalhou Nuno Melo, “são da AD”. E repetiu argumentos já usados no anterior debate frente a Isabel Mendes Lopes, do Livre: “São políticas de devolução de rendimentos, de aumento das pensões, da resolução de problemas. Temos muito orgulho naquilo que fizemos.”
Para o centrista, que foi travando ao longo do debate as várias tentativas de interrupção de Inês Sousa Real – “Não me interrompa, que não a interrompi” –, os “onze meses” da governação “superaram todas as expectativas (…) o que fizemos foi notável”.
E as previsões verbalizadas por Nazaré da Costal Cabral, presidente do Conselho das Finanças Públicas, de menor crescimento e até de défice de 1% em 2026?
“Há um mês”, voltou a repetir Nuno Melo, “previam o contrário, superavit”.
E a conclusão? “Os profetas da desgraça foram confrontados com bons resultados que contrariam essas previsões” – a frase também foi dirigida a Inês Sousa Real.
A líder do PAN retomou o argumento da “irresponsabilidade de Luís Montenegro”, que, diz, levou o “país para eleições”, colando de imediato as acusações de que o primeiro-ministro está a “atrasar a transformação da indústria para a economia verde” e de que há “negacionismo ambiental” na AD que recusa a aposta na “economia verde”.
“A agenda verde é uma prioridade concretizada todos os dias”, responde Nuno Melo, que fez questão de “recordar que se dependesse de Inês Sousa Real, os médicos, os polícias, os professores… estavam pior”. E “notável” voltou a palavra usada para classificar os acordos “com 19 carreiras” da Função Pública e o aumento do PRR, por exemplo, para o Exército.
“Conseguimos acabar o sonho de qualquer esquerdista, que é aquela perturbação social permanente. A rua está tranquila”, sublinhou o líder do CDS.
Este foi o mote para Inês Sousa Real colar a AD ao Chega alegando as “falsas perceções” de segurança que “escondem” o “contributo positivo dos imigrantes”. E de imediato outra colagem: O “negacionismo na violência doméstica” associado a insegurança. E depois, mais uma colagem: “PS e PSD são iguais. Prometem em campanha e depois não fazem.”
“Os extremismos estão exatamente no PAN e no Chega”, acusou Nuno Melo. Explicação? “No PAN porque vem toda gente. No Chega porque não entra ninguém, o que é um disparate. Nós queremos ser rigorosos na entrada e humanistas na integração.”
E, de papel na mão, lendo a subida das “entradas” de imigrantes de 2018 até 2024, o líder do CDS atribui a Inês Sousa Real a corresponsabilidade pela “situação de absoluto descontrolo”, de “alguém que é muito responsável pelo aumento dos sem abrigo em Portugal”.
“A única coisa que vocês têm para oferecer a estas pessoas é rua e a exploração”, acentuou Nuno Melo. “Lamento que PS e PSD se tenham aproximado da extrema-direita na imigração", sublinhou Inês Sousa Real.
Na Defesa, novo desencontro e até uma “miss mundo”. Inês Sousa Real, que defende que o “armamento dá muito dinheiro a ganhar a grandes potências e grandes empresas”, entende que Portugal só pode assumir “compromissos à medida das suas possibilidades” já que, afirma, a área da Defesa “não é alavanca de crescimento económico”.
Nuno Melo olha Inês Sousa Real e diz não saber “bem o que é o PAN quer”. “Queremos a paz”, responde a líder do PAN. Sem desta vez se queixar da “interrupção”, o líder centrista diz somente que “pois, mas isto não é um concurso Miss Mundo”.
Chegados às “touradas” e à “caça”, Inês Sousa Real garante, dizendo haver “estudos”, que “a maioria dos portugueses não concorda com as touradas” bem sequer com a “chacina” e a “barbárie” da “cada”.
“Não sou um ditador de consciências. Não quero impor aos outros o meu modelo de vida. Coloco as pessoas antes dos animais”, respondeu Nuno Melo.
No momento anterior leu uma frase de um dirigente do PAN, que não identificou e que ficou sem resposta de Inês Sousa Real: “É irresponsável e suicida apoiar famílias numerosas. Se são numerosas é opção. O SNS facilita o planeamento familiar e fazem mal em insistir em povoar o planeta Terra de seres humanos. Se queremos juventude, tragam imigrantes. O CDS está desatualizado. A família do CDS morreu.”
E Nuno Melo acrescentou: “A família não é do CDS. Os pais e os filhos merecem a proteção do Estado. Merecem muito maior respeito do PAN.”