Cavaco Silva está em silêncio absoluto sobre a crise política, incluindo com os mais próximos. O antigo primeiro-ministro e ex-presidente da República faz questão de manter a reserva - com Luís Montenegro, de quem é inspiração assumida, a não ser exceção, soube o DN junto de fonte social-democrata. Ao contrário de outras ocasiões, nomeadamente na altura da formação do Governo e primeiros meses de governação, tendo então havido, entre ambos, troca regular de opiniões, o assunto não foi ainda tema de conversa. “Cavaco Silva está preocupado com o País, mas gere muito bem os silêncios”, diz ao DN a mesma fonte, chamando no entanto a atenção para declarações recentes em que Cavaco se manifestou claramente contra a antecipação de eleições legislativas e a apresentação de uma moção de confiança. Foi em julho de 2024, em entrevista ao Observador, a propósito da votação do Orçamento de Estado e da possibilidade do documento vir a merecer o chumbo da Assembleia da República. “Não é nenhum drama”, afirmou, acrescentado tratar-se de uma situação normal na Europa. “A Espanha viveu durante dois anos com duodécimos e ninguém morreu”. Na altura, o antigo primeiro-ministro recordou o dia 24 de junho de 1986 e a moção de confiança que então apresentou, quando liderava o executivo. Aprovada com 108 votos a favor, 93 contra, 44 abstenções, foi a única moção de confiança de um Governo minoritário que alguma vez passou na Assembleia da República. “Na altura, a oposição tinha colocado tantos impedimentos, tantos obstáculos à aprovação de medidas estruturais do meu Governo de então, que tomei uma decisão muito arriscada, e que não aconselho a outro Governo, de apresentar uma moção de confiança”, disse na mesma entrevista.