Petição à Assembleia da República para alívio fiscal da classe média

Proposta contemplaria famílias com rendimentos anuais até 50 mil euros e funcionaria com um mecanismo semelhante ao da plataforma IVAucher
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Um grupo de cidadãos, entre os quais se contam Guilherme d'Oliveira Martins, Álvaro Covões, Manuel Braga da Cruz ou Sérgio Figueiredo, vai enviar à Assembleia da República uma petição para reduzir a carga fiscal à classe média.

"O alívio fiscal que se propõe deve corresponder a uma redução de 25% na coleta do IRS que pagam as cerca de 2,5 milhões de famílias abrangidas. O mecanismo a utilizar seria semelhante ao da plataforma IVAucher e consistiria na criação de um crédito de imposto igual a 25% do IRS já pago em cada ano pelas referidas famílias. Tal crédito poderia ser afetado à aquisição de quaisquer bens ou serviços por parte do contribuinte, incluindo o pagamento das prestações da casa, educação dos filhos, bens e serviços culturais, entre outros", pode ler-se no documento a que o DN teve acesso.

O grupo de cidadãos considera que este alívio fiscal, "além de justo, vai gerar propensão ao consumo, aumento de impostos indiretos e sobretudo vai criar uma classe média mais otimista e lutadora", numa altura em que "não conseguem aumentar salários".

Esta proposta contemplaria apenas as cerca de dois milhões e meio de famílias com rendimento até 50 mil euros e que pagam IRS, "pois isso aumentaria pelo menos para o dobro as receitas perdidas no IRS". "Por esta razão, o mecanismo proposto não é a tradicional redução da taxa de IRS constante dos escalões (porque isso beneficiaria igualmente quem aufere rendimentos mais altos), mas sim o mecanismo do IVAucher que se traduz num valor atribuído às famílias tendo por referência o valor anual do IRS", pode ler-se na petição, em que se admitem perdas de cerca de 1,4 mil milhões de euros em termos de receita do IRS.

O grupo de cidadãos considera que "Portugal penaliza fortemente as famílias em imposto sobre o rendimento, se comparado com os outros países da OCDE".

"Se forem incluídos na análise os impostos sobre o rendimento, contribuições para a segurança social do trabalhador e da empresa, bem como os impostos sobre o consumo, a taxa marginal (a mais elevada) sobre o rendimento em Portugal atinge 72%. É a 4.ª mais elevada do Mundo, após Suécia, Eslovénia e Bélgica, que chegam a 76% e 73% (dados de 2019 da Tax Foundation)", referem os signatários no documento, que salientam que "existem estudos científicos que confirmam que uma excessiva carga fiscal sobre as famílias acentua a estagnação económica e não é por acaso que Portugal está a ser ultrapassado por quase todos os países europeus em PIB calculado com base na paridade de poderes de compra".

Na petição, é argumentado que "o salário médio português (que em 2019 foi de 1276 euros por mês, ou seja, cerca de 15 000 euros por ano) deverá cair nos próximos anos" e que os macroeconomistas dizem que "não vai haver inflação na Europa nos próximos anos, o desemprego vai ainda aumentar, as insolvências vão explodir".

Os peticionários recordam que os "agregados familiares com rendimentos de entre 10.000 e 50.000 euros (antes de impostos e descontos para segurança social)" são famílias que "ganham entre 770 euros e no máximo 3.840 euros por mês (cálculo sobre 13 meses)" e que "a taxa de IRS esses casos (antes de deduções) varia entre 28,5% e 45%".

"Dados da OCDE revelam que para um rendimento de 36 000 euros/ano em nenhum país do Mundo se tem uma taxa marginal de 45% de imposto sobre o rendimento", escrevem no documento.

Eis a lista de subscritores (ainda provisória):

Agostinho Pereira Miranda - Advogado

Alfredo Castanheira Neves - Advogado e antigo Presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados

Álvaro Covões - Empresário

António Monteiro - Embaixador

António Nogueira Leite - Professor Universitário

Arménia Coimbra -Advogada e antiga Vice-Presidente do Conselho Geral da Ordem dos Advogados

Bernardo Teotónio-Pereira - Professor universitário e gestor

Carlos Ribas -Arquiteto paisagista

Cristina Castel-Branco - Professora do ISA (Universidade de Lisboa)

Diogo Xavier da Cunha - Advogado

Duarte Schmidt Lino - Advogado

Esmeralda Dourado - Gestora

Guilherme W. d'Oliveira Martins - Ex-secretário de Estado, professor universitário e Advogado

João Correia - Advogado e antigo Vice-Presidente do Conselho Geral da Ordem dos Advogados

João Espanha - Advogado

Joaquim Aguiar - Economista

Jorge Armindo - Gestor de Empresas

Jorge Marrão - Gestor

Jorge Rebelo de Almeida - Empresário e gestor

José Miguel Júdice - Advogado

Manuel Braga da Cruz - Professor Universitário

Manuel Cavaleiro Brandão - Advogado e antigo Presidente da Confederação Europeia de Ordens de Advogados

Mariana França Gouveia - Professora catedrática e advogada

Miguel Morgado - Professor Universitário

Nuno Pena - Advogado

Paulo Carmona - Gestor

Pedro Cabrita Reis - Artista

Pedro Maia - Professor da Faculdade de Direito (Universidade de Coimbra)

Rui Leão Martinho - Economista

Rui Medeiros - Professor da Faculdade de Direito e Advogado (Universidade Católica)

Rui Pinto Duarte - Professor catedrático e Advogado

Sérgio Figueiredo - Gestor de Empresas

Vasco Valdez - Ex-secretário de Estado, professor universitário e advogado

Notícia atualizada às 13h47

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