Paulo Muacho alerta que partidos que se perdem em conflitos internos afastam apoio popular
O deputado do Livre Paulo Muacho alertou este sábado, no 14.º Congresso, em Almada, que os partidos que se perdem em conflitos internos afastam o apoio popular, apelando à união num momento de crescimento político.
"Quando os partidos perdem o foco e a razão pela qual estão aqui perdem o apoio das pessoas. E temos na nossa história recente exemplos disso. Partidos que crescem, que conseguem grupos parlamentares, representações a vários níveis e que se perdem em conflitos internos, em lutas pelo poder. Essa não será a história do Livre", considerou.
O deputado eleito nas legislativas de março pelo círculo de Setúbal falava no pavilhão municipal da Costa de Caparica, no 14.º Congresso que decorre até domingo para eleger os novos órgãos internos e aprovar o programa eleitoral para as eleições europeias de 9 de junho.
Numa intervenção fortemente aplaudida, o deputado, que falou enquanto membro do Grupo de Contacto (direção) cessante, lembrou que quando este órgão tomou posse, em 2022, o Livre tinha apenas um deputado, Rui Tavares, salientando o crescimento do partido em cerca de dois anos.
"Temos mostrado ao país como é possível fazer política de forma diferente. (...) A partir do parlamento o Livre vai continuar a ser uma força transformadora do país, pessoa a pessoa. Porque enquanto alguns chegaram ao parlamento e até agora as únicas pessoas que ajudaram foi a si próprios, a presença do Livre tem sido marcado por conquistas que realmente mudam a vida das pessoas", salientou.
O deputado pediu que o partido se foque em "mudar a vida das pessoas" e não em conflitos internos - após um processo de primárias para as eleições europeias que recentemente gerou polémica, com a eleição do cabeça de lista, Francisco Paupério, entre outras divergências internas que o partido tem vivido.
Sobre este tema (o processo das primárias do partido), a presidente da Assembleia cessante reconheceu a necessidade de melhorar as primárias, e atirou à falta de coragem de outros partidos.
"O regulamento das primárias que tanto tem dado que falar tem que ser revisto", admitiu Patrícia Gonçalves.
Contudo, a dirigente salientou que o Livre "escolheu fazer política de forma diferente", sendo o único partido no país que utiliza este método para escolher os candidatos a eleições, e defendeu que é "preciso ter humildade" para reconhecer erros e "prosseguir de cabeça erguida".
"Não há nenhum partido em Portugal com processos mais democráticos do que o Livre. (...) Lembrem-se dos outros que não têm a coragem da abertura que nós temos, não o querem fazer e não o vão fazer", atirou.
A dirigente apelou à união interna, salientando que o Livre "será sempre tão forte quanto mais fortes forem os seus órgãos".
Logo de seguida, o dirigente Ricardo Sá Fernandes, do Conselho de Jurisdição cessante deu conta que nos últimos dois anos foram registados 10 participações disciplinares sendo que nenhuma deu lugar a sanção.
"A maior parte por abuso de linguagem que pode pôr em causa o princípio da urbanidade", alertou. Deixou ainda agradecimentos e pedidos de "bom senso" e "urbanidade" aos membros e apoiantes presentes, que aprovaram um voto de louvor a Sá Fernandes, que deixa o Conselho de Jurisdição ao fim de três mandatos.