Orçamentos mostram que Pedro Nuno Santos espera vitória mais folgada do que José Luís Carneiro

Maior fatia da subvenção do PS aos candidatos à liderança depende da votação, ficando claro que o ex-ministro das Infraestruturas prevê ter perto de dois terços dos militantes. Maior rival quer ter metade.
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Os menos de 120 mil euros que os três candidatos a secretário-geral do PS contam gastar na campanha para as eleições internas que decorrem ao longo desta sexta-feira e deste sábado, com algumas federações distritais a realizarem a votação no primeiro dia e as restantes no seguinte, excedem em pouco a subvenção de 100 mil euros que o partido disponibilizou aos três homens que avançaram para a sucessão de António Costa. Mas permitem perceber que as expectativas quanto à dimensão da vitória são muito diferentes entre os dois maiores rivais, pois Pedro Nuno Santos projeta obter uma vitória muito mais folgada do que José Luís Carneiro.

O antigo ministro das Infraestruturas apresenta o maior orçamento de campanha, com 61.500 euros previstos nas receitas e nas despesas. Além de contabilizar a entrada de seis mil euros em donativos de militantes, espera receber 55.500 euros de subvenção do partido, o que logo à partida apontaria para uma maioria dos votos dos militantes socialistas. No entanto, a dimensão da vitória torna-se maior pelo facto de 30 mil dos 100 mil euros serem distribuídos equitativamente entre os três candidatos, ficando os restantes 70 mil euros dependentes do resultado obtido nas eleições internas. E das faturas de despesas que forem apresentadas.

Isso quer dizer que os 45.500 euros que a candidatura de Pedro Nuno Santos conta obter de subvenção, além dos 10 mil euros garantidos à partida, apontam para que espere ter o voto de 65% dos militantes socialistas que participem na escolha do novo secretário-geral. Uma fasquia elevada, ainda que expectável num candidato que garantiu o apoio de quase todos os líderes das federações distritais e da maioria das concelhias, tendo ainda consigo o presidente e grande parte dos principais responsáveis da Juventude Socialista.

Pelo lado de José Luís Carneiro, que tem repetido a tese de que os votos pertencem aos militantes e não às estruturas partidárias, a previsão de que irá obter 45 mil euros de subvenção do PS indicam que conta vencer com os votos de metade dos militantes socialistas, pois além dos 10 mil euros garantidos por a sua candidatura ser aceite ficaria com 35 mil dos 70 mil restantes. Note-se que, para ser eleito secretário-geral, o atual ministro da Administração Interna necessitaria de vencer com uma maioria absoluta dos votos válidos, nem que fosse por apenas um voto, o que não seria totalmente garantido a partir do momento em que existe uma terceira candidatura. Caso contrário, seria necessário proceder a uma segunda votação, com os dois candidatos que ficassem melhor posicionados.

Quanto a Daniel Adrião, que tem sido o recorrente candidato da oposição a António Costa e acusa os rivais de representarem uma linha de continuidade em relação ao que considera ter sido o défice de democracia interna no partido, a previsão de receitas não vai além dos 10 mil euros de subvenção e de 2100 euros em donativos de militantes, nomeadamente dos envolvidos na sua campanha.
Daniel Adrião tentou impugnar a validade da decisão de condicionar a maior fatia da subvenção atribuída pelo PS à percentagem de votos obtida por cada candidato a secretário-geral, não tendo até agora obtido qualquer resposta. Em declarações ao DN, diz que se trata de "mais um entorse democrático" que vai "ao arrepio de toda a tradição no PS".

Ter o orçamento de campanha limitado a pouco mais de 10 mil euros, nos quais se engloba a sala na sede nacional do Largo do Rato, o automóvel de serviço e combustível disponibilizados pelo partido, limitou a candidatura de Adrião em questões muito práticas. "Não tenho assessor de imprensa porque não lhe posso pagar", assegura, acrescentando que não se pôde "deslocar da forma como queria", nomeadamente às regiões autónomas e às comunidades portuguesas no estrangeiro. Numa ida a Braga, o candidato ficou alojado num hotel que só lhe custou 55 euros.

Na candidatura de Pedro Nuno Santos a maior fatia de despesas cabe aos comícios e espectáculos, com 39 mil euros, enquanto a conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado correspondem a um valor orçamentado de 10.600 euros. E a propaganda, comunicação impressa e digital implica um gasto previsto de 6500 euros.

Para a candidatura de José Luís Carneiro a maior fatia da despesas está relacionada com as sessões de esclarecimentos com militantes. Quanto à estrutura de call center que tem apelado ao voto, recorrendo às listas dos cerca de 60 mil militantes com quotas em dia disponibilizadas pelo PS, estará a ser garantida por trabalho voluntário.

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