PS acusa Cavaco de "linguagem ofensiva e antidemocrática"

Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar dos socialistas, reagiu ao discurso do ex-presidente (sem nunca referir o seu nome) numa publicação no Facebook. O deputado e membro do secretariado nacional do PS, João Azevedo, acusou Cavaco de "servir de muleta" a Luis Montenegro.
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O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, acusou este sábado o antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva de utilizar uma "linguagem ofensiva e antidemocrática" nas declarações que fez sobre o Governo e o PS.

"A degradação da política é isto. Na senda do comportamento insultuoso dos deputados do PPD/PSD na Comissão Parlamentar de Inquérito da TAP, e de um presidente do partido que procura envolver os serviços de informação na disputa político-partidária, hoje uma personalidade com muitas responsabilidades adotou uma linguagem ofensiva e antidemocrática, numa evidente captura da direita democrática pelos radicais extremistas que não escamoteiam o ódio ao PS", defendeu Eurico Brilhante Dias numa publicação na rede social Facebook.

Num texto em que nunca é referido diretamente o nome do antigo primeiro-ministro do PSD e ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva, que dirigiu duras críticas ao Governo e ao PS, Eurico Brilhante Dias lamenta a falta de "respeito por um partido com 50 anos, com milhares de militantes, e que há quase oito anos, com bons resultados, lidera o país em contextos muito desafiantes".

"Se tudo isto é preocupação pelos resultados económicos que vão aparecendo gradualmente na vida dos portugueses, então é ainda mais ilegítimo. Não esqueceremos", remata.

O antigo Presidente da República Aníbal Cavaco Silva acusou este sábado o Governo de ser especialista em "mentira e propaganda" e questionou se "seria possível um Governo descer tão baixo em matéria de ética política", referindo-se à TAP.

"Há que resgatar o debate político porque ele é importante em democracia. Segundo o que vemos, ouvimos e lemos, existem duas áreas em que o Governo socialista é especialista: na mentira, e na propaganda e truques", acusou Aníbal Cavaco Silva.

Num discurso no encerramento do 3.º Encontro Nacional dos Autarcas Social-Democratas (ASD), em Lisboa, com a presença do líder do PSD, Luís Montenegro, o antigo chefe de Estado acusou o primeiro-ministro, António Costa, de perder a sua autoridade, acrescentando que por vezes os primeiros-ministros "decidem apresentar a sua demissão" devido a "um rebate de consciência".

O deputado e membro do secretariado nacional do PS, João Azevedo, também já reagiu às palavras de Cavaco Silva, acusando-o de "servir de muleta" ao atual líder do PSD e considerando que o seu discurso foi de "raiva e de ódio".

Falando à margem do IX Congresso do PAN, que decorreu em Matosinhos, João Azevedo defendeu que o PS "resiste e é um partido coeso".

"Cavaco Silva já não aparecia a falar neste enquadramento há muitos anos. Portanto, aquilo que o PS entende é que o professor Cavaco Silva veio servir de muleta para que o Dr. Luis Montenegro conseguisse catapultar-se para um posicionamento político-partidário que lhe desse alguma vantagem junto da sociedade portuguesa, que não está a acontecer", afirmou João Fazenda.

Segundo o deputado, o discurso de Cavaco Silva, no 3º Encontro Nacional de Autarcas Social-democratas, que decorreu em Lisboa, é uma "discurso de raiva e de ódio".

"Não se percebe bem o porquê deste ataque tão violento que aconteceu ao PS, acaba por ser uma muleta do atual líder do PSD e representa claramente a preocupação do PSD que tem hoje um líder que não se consegue afirmar junto da sociedade portuguesa", salientou.

O PS, disse, vai "continuar a defender os portugueses e as portuguesas com medidas concretas" e que o partido quer é "governar, o PS quer governar bem para que as portuguesas os portugueses possam ter respostas concretas".

Questionado sobre se o partido estava fragilizado, o deputado defendeu que não: "O PS resiste e não está violentado. O PS é um partido que está coeso, que está preparado para ajudar a governar este país", afirmou.

Para João Azevedo, as "polémicas em torno de algumas situações" não estão a ter o efeito que a oposição pretende.

"É uma polémica que junto das pessoas, em alguns casos pode funcionar, mas aquilo que é importante é referir que as pessoas estão preocupadas com os seus problemas de vida, com o seu dia-a-dia e o Governo tem que governar para contribuir que essa vida seja melhor e mais feliz", finalizou.

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