O Chega foi um dos partidos que integrou, nesta legislatura e na anterior, o coro de críticas ao fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro (PM) mas agora, estando esses debates de novo previstos no Regimento da Assembleia da República (AR), é o partido que, com uma iniciativa sua - a moção de censura ao Governo - acaba por fazer atrasar em pelo menos dois meses a entrada em vigor desses debates..Esta sexta-feira isso confirmou-se na conferência de líderes parlamentares. O primeiro quinzenal com o PM estava originalmente marcado ainda para este mês (dia 27), mas a marcação da moção de censura do Chega já para dia 19 - é um agendamento que tem precedência sobre os outros - desmarcou-o. Isto porque, ainda de acordo com o tal novo Regimento da AR, aprovado na anterior sessão legislativa, os debates com o chefe do executivo no Parlamento não se podem realizar "na quinzena seguinte à discussão de moções de confiança ou de moções de censura". Assim, o regresso dos debates quinzenais foi hoje adiado e ficou sem data, que só será decidida na reunião da conferência de líderes da próxima quarta-feira, dia 20..Maria da Luz Rosinha, deputada socialista secretária da mesa e porta-voz da conferência de líderes, salientou que a nova data "terá que se compaginar com a questão do Orçamento do Estado" para 2024, o qual será entregue na Assembleia da República em 10 de outubro e cuja discussão se prolonga até início de dezembro. Em todo o período de discussão orçamental os restantes trabalhos parlamentares ficam suspensos - daí ser impossível marcar um quinzenal antes de dezembro. Seja como for, isso não implicará ausência total do primeiro-ministro do Parlamento até lá. António Costa irá ao plenário dia 19 enfrentar a moção de censura do Chega; e depois deverá abrir e encerrar os debates em plenário do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2024)..Impostos e Habitação.Nos agendamentos feitos, manteve-se para dia 20 a fixação da ordem do dia, requerida pelo PSD, sobre o tema "Redução de Impostos"..No dia 21, as declarações políticas que estavam previstas "caem" mas mantém-se a reapreciação do decreto do parlamento vetado pelo Presidente da República com medidas sobre habitação..No mesmo dia, haverá ainda um debate sobre o estado da União Europeia e serão discutidas duas petições. No dia 27, ao invés do debate quinzenal com o primeiro-ministro inicialmente agendado, vão decorrer declarações políticas..Três renúncias.Também esta sexta-feira decorreu na AR a primeira reunião plenária da segunda sessão legislativa da atual legislatura. O elenco dos deputados sofreu ligeiras alterações - sendo a mais importantes a renúncia da ex-líder do Bloco de Esquerda. Catarina Martins será substituída por Isabel Pires, que já tinha sido deputada do BE na anterior legislativas..No PSD, Joaquim Pinto Moreira - que chegou a ser vice-presidente da bancada e presidente da Comissão Eventual de Revisão Constitucional -,, a braços com a "Operação Vórtex", onde é suspeito de corrupção, deu lugar à economista Rosina Ribeiro. E no PCP, o historiador Manuel Loff, eleito pelo círculo do Porto, foi substituído pelo jornalista do Jornal de Notícias Alfredo Maia..Na direção da bancada do PSD também se deram recomposições. A bancada elegeu por voto secreto e por ampla maioria dois novos vice-presidentes, Miguel Santos e Jorge Paulo Oliveira, assim como o deputado António Prôa para coordenador dos parlamentares sociais-democratas na comissão de Defesa..De acordo com os resultados divulgados, os dois novos vice-presidentes e António Prôa obtiveram 41 votos a favor, oito brancos e 16 nulos, num total de 71 deputados votantes. Seis deputados da sua bancada não votaram por se encontrarem fora, em missão parlamentar..Os nomes propostos, que substituem três vice-presidentes sociais-democratas que deixaram a Assembleia da República na primeira sessão legislativa, foram a votos ontem de manhã..Miguel Santos, eleito pelo Porto, foi deputado na X, XII e XIII legislaturas e já ocupou a vice-presidência da bancada quando Luís Montenegro era líder parlamentar e Pedro Passos Coelho presidente do partido. Jorge Paulo Oliveira, eleito por Braga, é deputado desde a XII legislatura e desempenhava atualmente funções de coordenador na Comissão de Defesa, pasta que passará agora para António Prôa, eleito por Lisboa. A bancada do PSD passa agora a contar com onze vice-presidentes..Nos últimos meses, deixaram a vice-presidência da bancada do PSD Ricardo Baptista Leite, que suspendeu o mandato de deputado a meio de maio para dirigir uma organização ligada à saúde, na Suíça; Luís Gomes, que saiu igualmente do Parlamento por motivos profissionais; e Joaquim Pinto Moreira, que deixou o cargo de "vice" depois de se saber que estava a ser investigado na "Operação Vórtex"..joao.p.henriques@dn.pt