A taxa de inflação deverá cair para 2,5% este ano, abaixo dos 3,3% projetados em outubro, mantendo a trajetória de redução até atingir em 2026 o patamar dos 2%, prevê o Programa de Estabilidade enviado esta segunda-feira ao parlamento..No cenário macroeconómico do Programa de Estabilidade (PE) 2024-2028, o Governo estima que o Índice Harmonizado de Preços ao Consumidor (IHPC) recue em 2024 quase três pontos percentuais face ao valor de 2023 (caindo dos 5,3% então registados para 2,5%), apontando para nova descida, para 2,1%, em 2025..No documento, o Governo refere que a inflação em 2024 aumentará temporariamente no início do ano refletindo o fim da medida IVA zero, a subida dos preços da eletricidade em janeiro e efeitos base.."Ainda assim, o processo de redução da inflação prosseguirá, com a inflação subjacente a diminuir ao longo do ano, refletindo o contínuo alívio das pressões externas nos preços, bem como os efeitos do processo de normalização da política monetária", assinala..Nos anos seguintes e até ao horizonte da projeção, o Governo liderado por Luís Montenegro espera que a inflação recue para o patamar dos 2,0% - em linha com o objetivo do Banco Central Europeu..A projeção da inflação para 2024 inscrita no PE distancia-se dos 3,3% projetados pelo anterior governo quando em outubro apresentou a proposta do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), mas surge em linha com o que esperam vários organismos que já atualizaram as suas projeções este ano, nomeadamente o Banco de Portugal (BdP), com 2,4%; o Conselho de Finanças Públicas (CFP), com 2,6%; e a Comissão Europeia, com 2,3%..Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) apontam para, respetivamente, 3,4% e 3,3%, mas estas projeções foram apresentadas em outubro e novembro do ano passado, não tendo ainda sido atualizadas..Crescimento da economia vai manter-se em 1,5% em 2024.O Governo manteve o crescimento da economia portuguesa em 1,5% este ano, em linha com o projetado no Orçamento do Estado para 2024 e uma décima abaixo das previsões macroeconómicas da Aliança Democrática (AD) no programa eleitoral..O cenário macroeconómico apresentado pelo executivo é desenhado numa base de políticas invariantes, ou seja, só tem em conta as políticas desenhadas pelo anterior Governo e medidas já previstas..O Ministério das Finanças prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% este ano e de 1,9% em 2025, tendo por base a informação disponível até 31 de março..A projeção subjacente ao Orçamento do Estado para 2024 (OE2024), apresentado pelo anterior Governo, apontava para uma expansão de 1,5% este ano, enquanto o programa eleitoral da AD (coligação que juntou PSD, CDS-PP e PPM às eleições legislativas de 10 de março) partia este ano da projeção de 1,6% do Conselho das Finanças Públicas (CFP)..Na atualização das previsões do CFP, conhecidas este mês, a entidade liderada por Nazaré da Costa Cabral manteve o crescimento da economia portuguesa este ano em 1,6% e prevê uma expansão de 1,9% em 2025..Já o Banco de Portugal (BdP) vê o PIB a aumentar 2%, a Comissão Europeia e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) 1,2% e o Fundo Monetário Internacional (FMI) -- que divulga novas projeções na terça-feira -- 1,5%..No programa eleitoral, a AD previa um crescimento de 2,5% em 2025, de 2,7% em 2026, de 3% em 2027 e de 3,4% em 2028..No Programa de Estabilidade 2023-2027, o anterior Executivo previa uma expansão de 2% em 2024 e 2025..Estimada a queda do preço do petróleo este ano para 79,1 dólares/barril.O Governo estima que o preço do petróleo para este ano se fixe em cerca de 79,1 dólares por barril, uma redução face aos 82 dólares de 202. .No documento, o executivo destacou que, "de acordo com as expectativas implícitas nos mercados de futuros, o preço do petróleo deverá diminuir ligeiramente" para cerca de 79,1 dólares por barril este ano, face aos 82 dólares de 2023 "e prosseguir esta tendência ao longo dos próximos anos"..Tendo por base estas expectativas, o executivo desenhou o cenário com um preço de 75,1 dólares por barril para 2025, descendo consecutivamente até aos 69,1 dólares em 2028..O Governo analisou ainda os efeitos de um desvio de 20% nestas estimativas. "Um cenário em que o preço do petróleo se situe 20% acima do assumido no cenário base implicaria um efeito negativo de 0,2 p.p. [pontos percentuais] no crescimento em volume do PIB [Produto Interno Bruto] em 2024, dissipando-se este efeito nos anos seguintes", indicou..Segundo o PE, o "impacto em 2024 resultaria, essencialmente, de um menor crescimento do consumo privado e do investimento, parcialmente mitigado pelo decréscimo das importações", sendo que "neste cenário, o deflator do consumo privado seria mais elevado por via do aumento do deflator das importações e, em menor escala, das demais componentes por via do seu conteúdo importado"..Assim, indicou, "isto levaria a uma redução no PIB nominal de 0,3 p.p. em 2024, dissipando-se este efeito nos anos seguintes"..De acordo com o Governo, "atendendo ao peso dos bens energéticos derivados do petróleo nas importações, deste choque resultaria uma deterioração da balança comercial e, consequentemente, da capacidade de financiamento da economia em cerca de 0,3 p.p. do PIB"..Já no mercado de trabalho, o impacto na taxa de desemprego seria "residual em 2024", mas com um menor ritmo de redução da taxa de desemprego nos anos seguintes, acrescentam..Por fim, este choque "traduzir-se-ia num menor ritmo de redução da dívida pública em percentagem do PIB em 0,2 p.p. em 2024, essencialmente devido ao menor crescimento do PIB nominal", sendo que, "no saldo orçamental teria um efeito residual em 2024, com agravamento nos anos seguintes, essencialmente devido ao crescimento da despesa com prestações sociais"..A entrega do Programa de Estabilidade este ano é sobretudo uma formalidade de calendário, já que com as novas regras orçamentais europeias o documento perde o peso que tinha, sendo substituído pelos planos orçamentais e estruturais de médio prazo, que deverão ser remetidos pelos Estados-Membros a Bruxelas até 20 de setembro..Bruxelas não irá pronunciar-se sobre os Programas de Estabilidade dos países, tendo permitido a entrega de um programa simplificado, que permitiria mesmo o envio de apenas duas tabelas relacionadas com o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)..O Governo irá começar a negociar com a Comissão Europeia o novo programa de médio prazo no verão e o cenário macroeconómico com o impacto das novas medidas de política apenas será conhecido em setembro..O Programa de Estabilidade aprovado, em 11 de abril, em Conselho de Ministros, será discutido no parlamento no dia 24 de abril. O CFP optou por não se pronunciar sobre o PE por este ser num cenário de políticas invariantes.