Eleições. Já começou o campeonato pela liderança da oposição
Depois de, na terça-feira, o Bloco de Esquerda ter anunciado que queria reuniões de “convergência” com os outros partidos da esquerda parlamentar, ontem foi a vez de o PCP disputar a liderança da oposição tornando-se no primeiro partido a anunciar que apresentará uma moção de rejeição a um programa de Governo que venha a ser apresentado por Luís Montenegro.
Em conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, após uma reunião do Comité Central, Paulo Raimundo salientou que o partido irá dar, “desde o primeiro minuto, combate à política de direita e aos projetos reacionários que se procuram afirmar e vai fazê-lo utilizando todos os meios ao seu dispor para esse combate”. “Não será pelo PCP que o projeto da direita será implementado”, garantiu.
Questionado se o partido admite apresentar uma moção de rejeição ao programa de Governo da AD, o líder comunista respondeu: “Com toda a clareza digo que sim”. “O facto de nós avançarmos para esta iniciativa é um sinal político que queremos dar, que é para ficar logo claro ao que é que se vai. Da nossa parte, nós não temos nenhuma ilusão sobre qual é o projeto do PSD e do CDS, da direita. Não temos nenhuma ilusão qual é o caminho e as consequências na vida das pessoas, dos trabalhadores e do país”, disse ainda.
Numa alusão aos restantes partidos de esquerda, Paulo Raimundo referiu que esta moção de rejeição é “um sinal claro que só obriga a quem a apresenta, mas outros também farão as opções que entenderem sobre essa matéria”. “Quem nos quiser acompanhar, acompanhará, quem não quiser acompanhar, não acompanha. Aquilo que fazemos não é para arrastar outros, é para dar um sinal claro de que, connosco, o projeto da direita não avança.”
A Iniciativa Liberal comentou esta iniciativa dizendo que o PCP está apenas a fazer uma “tentativa de prova de vida”. “Não há muito mais para dizer sobre uma moção de rejeição a algo que não se conhece. É algo que certamente parece uma tentativa de prova de vida do partido que o anunciou, talvez numa corrida de sobrevivência e de concorrência com outros partidos que estão mais próximos deles próprios”, criticou o líder parlamentar da IL, Rodrigo Saraiva.
Os comunistas disseram entretanto que aceitaram um convite do BE para uma reunião para debater entendimentos na oposição ao futuro Governo. Paulo Raimundo declarou-se disponível para “toda a convergência” mas logo assinalando que não pretende “diluir-se em qualquer projeto”.
“Nós estaremos disponíveis para toda a convergência no concreto, com uma certeza absoluta. É que, se há coisa que o PCP não fará, nem isso serviria os trabalhadores e o povo, é diluir-se em qualquer projeto que seja, qualquer ideia de projeto que implique a sua diluição”, avisou Paulo Raimundo.
Na terça-feira à noite também o PS já tinha dito que estava disponível para aceitar o desafio do Bloco. “O PS está naturalmente disponível para receber o Bloco de Esquerda”, afirmou à Lusa uma fonte oficial da direção dos socialistas. O Livre e o PAN também estão disponíveis.
Ontem, o Presidente da República prosseguiu, com o Livre, a ronda de audições aos partidos que elegeram deputados (à velocidade de uma reunião por dia).
Rui Tavares recordou que os mandatos parlamentares não estão todos atribuídos (faltam os quatro eleitos pelos círculos da emigração). E defendeu que nessa altura, depois desse apuramento, o Presidente da República deverá proceder a nova ronda de audições aos partidos que elegeram deputados.