Edifício da câmara de Ovar. -- Foto: Fábio Poço/Global Imagens
Edifício da câmara de Ovar. -- Foto: Fábio Poço/Global Imagens

Deputado municipal do CDS em Ovar faz participação ao Ministério Público

Fernando Almeida remeteu ao MP o relato que Mário Monteiro fez à Assembleia Municipal de Ovar, no qual reafirmou a denúncia feita ao DN, assumindo-se como a pessoa que entregava envelopes com dinheiro a Salvador Malheiro em nome de um empreiteiro.
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Mário Monteiro, antigo militante do PSD e atual líder do Chega Ovar, foi à última reunião pública da Assembleia Municipal de Ovar relatar de viva-voz a forma como serviu de correio para entregar envelopes com dinheiro de empreiteiro ao então presidente da Câmara, Salvador Malheiro.

Monteiro distribuiu pelos deputados municipais um documento escrito com o relato dos factos que já tinha revelado em entrevista ao DN, mostrando-se novamente disponível para ir ao Ministério Público contar a sua versão da história.

Perante a intervenção de Mário Monteiro e o relato distribuído na sessão, o deputado municipal do CDS, Fernando Almeida, questionou o presidente da Assembleia Municipal sobre se pretendia participar este testemunho às autoridades. “Para minha surpresa, o sr. presidente da Assembleia Municipal disse que não tinha resposta para me dar e após a minha insistência referiu que estava em reflexão”, diz Fernando Almeida ao DN, explicando que decidiu tomar a iniciativa de fazer em nome próprio uma participação ao Ministério Público.

No documento que foi entregue aos deputados municipais e que agora seguiu para o Ministério Público, Mário Monteiro afirma que “durante alguns meses entre 2016 e 2017” levava envelopes com notas do empreiteiro Barros de Sousa para Salvador Malheiro.

“Fui apontando todas as verbas, e datas em que lhe entregava, sendo a última prevista de 15 mil euros”, declara, contando que se negou a fazer essa entrega porque “tinha tomado conhecimento que nas contas do partido não havia entrada desses donativos”.

No relato de Mário Monteiro, tinha sido acordado entre Barros de Sousa e Salvador Malheiro, num almoço em que também esteve presente, a entrega de 120 mil euros em troca da adjudicação de uma obra. “Foi falado à mesa que a obra do Museu de Válega ia ser entregue ao eng. Barros de Sousa e que este ia pagar 120 mil euros para apoiar o PSD”, assegura, no documento a que o DN teve acesso.

Presidente não quer técnicos a responder

As dúvidas levantadas em relação a uma outra obra que esteve nas mãos do mesmo empreiteiro, a requalificação do edifício Esmoriztur, fizeram com que os vereadores do PS requeressem a presença dos técnicos que acompanharam o processo numa reunião pública de Câmara.

As perguntas dos socialistas ficaram, contudo, sem resposta, uma vez que o presidente da Câmara, Domingos Silva (que substitui Malheiro, que tem o mandato suspenso por estar nas listas da AD), não deu a palavra aos técnicos que estavam presentes na reunião.

“A resposta a todas as questões suscitadas pelo senhor vereador Alcides Alves na última reunião da Câmara Municipal e colocadas por escrito serão prestadas pelo Presidente da Câmara Municipal, também por escrito, mediante a recolha da informação necessária junto dos serviços municipais competentes”, justifica ao DN fonte oficial da Câmara de Ovar.

A mesma fonte tem reiterado sempre a legalidade dos processos relacionados com a obra do edíficio Esmoriztur, negando qualquer irregularidade. Salvador Malheiro também recusa todas as acusações que lhe são feitas e já anunciou que irá a tribunal defender a sua honra.

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