André Ventura marcou reunião de urgência devido ao “contexto delicado” que se vive em Portugal.
André Ventura marcou reunião de urgência devido ao “contexto delicado” que se vive em Portugal.Gerardo Santos

Chega reunido para abrir segunda via no Orçamento

Ventura apela a “responsabilidade perante o país”. Crise política se falhar acordo entre Governo e PS tem inquietado deputados.
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A hipótese de o Chega assumir a responsabilidade de viabilizar o Orçamento do Estado para 2025, o que implicaria necessariamente o voto favorável, ao lado do PSD e do CDS, vai ser discutida nesta terça-feira, às 17h00, numa reunião de urgência do grupo parlamentar convocada na segunda-feira por André Ventura.

Na convocatória, revelada pelo Observador, salientou-se o “contexto delicado” decorrente das negociações do Orçamento do Estado para 2025 e a “responsabilidade perante o país” que recai sobre o terceiro maior grupo parlamentar. Algo que está a ser visto dentro do partido como sinal de reação de Ventura a inquietações de alguns deputados e dirigentes quanto aos efeitos da crise política se o Governo e o PS não conseguirem chegar a acordo.

Ao longo das últimas semanas, as posições de Ventura sobre o Orçamento do Estado para 2025 têm variado, desde a decisão “irrevogável” de excluir o partido deste processo, na sequência da escolha do PS enquanto interlocutor privilegiado do primeiro-ministro Luís Montenegro.

Entre os deputados do Chega há quem veja como inevitável que Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos acabem por entender-se, mas um impasse quanto à descida do IRC poderia fazer do partido de André Ventura uma solução de última hora, tendo em conta que o Governo necessita de apresentar a proposta final de Orçamento do Estado para 2025 até quinta-feira, 10 de outubro. Outra fonte defende mesmo que a aprovação pelo Chega poderia ser um cenário positivo tanto para o secretário-geral do PS como para o presidente do Chega, mostrando o primeiro como “um homem de convições” e o segundo como “um salvador da pátria”.

O primeiro-ministro fundou a sua campanha eleitoral, enquanto líder do PSD e da Aliança Democrática, numa mensagem de “não é não”, no que diz respeito a acordos com o Chega. E assim se tem mantido o seu Executivo, como foi repetido neste domingo, numa entrevista ao DN, pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial. Manuel Castro Almeida voltou a dizer que uma coligação com o Chega não é possível, “por uma questão de princípios”.

Mas o ministro fez  uma ressalva que abre portas a uma segunda via para a viabilização da proposta de Orçamento do Estado. “O Governo nunca irá recusar, nem pode, um voto favorável do Chega. Não somos responsáveis pelo sentido do voto do Chega. O que não vamos é fazer do Chega um parceiro privilegiado”, explicou Manuel Castro Almeida, que logo de seguida criticou Ventura pela intervenção no debate quinzenal com o primeiro-ministro, realizado na passada quinta-feira, no qual ligou o triplo homicídio que foi cometido em Lisboa à comunidade cigana.

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