O Chega mostra-se eficaz na batalha da produção legislativa - foi o partido com mais projetos de lei apresentados nesta legislatura - mas ao mesmo tempo é o menos eficaz a conseguir que sejam aprovados..Dos 195 diplomas atribuídos ao partido de André Ventura na base de dados parlamentares, só um foi aprovado. E na verdade o articulado final aprovado foi trabalhado em conjunto por vários partidos, designadamente PS e PSD, sendo que o próprio Chega se absteve. Trata-se da famosa “lei dos metadados”, a lei que regula como é que a investigação criminal pode tratar dados de contexto nas comunicações (número de origem, número de destino, hora da comunicação, duração da comunicação, geolocalização), e que agora o Parlamento voltou a aprovar, depois do Tribunal Constitucional a ter novamente chumbado..Nos restantes partidos da oposição, o segundo mais produtivo é o PAN (193 projetos de lei), seguindo-se o PCP (183), o BE (156), a IL (102), o Livre (71) e o PSD (69). Ainda na oposição, o maior número de projetos aprovados está atribuído ao PAN (14). Depois, o Livre (13), o PSD (12), a IL (11), o BE (9) e o PCP (4)..A informação parlamentar diz ainda que, dentro da bancada do Chega, e tirando o líder parlamentar, Pedro Pinto, cabe a André Ventura um domínio avassalador no número de intervenções no plenário - sinal de que é acima de tudo o presidente do partido quem lhe dá projeção mediática..Nos 653 dias que decorreram desde que os atuais deputados assumiram funções (29 de março de 2022), Ventura teve 358 intervenções em plenário..O único deputado do Chega com uma projeção vagamente parecida foi o líder parlamentar, Pedro Pinto, com 317 registos de intervenção no plenário..Depois, nos restantes dez deputados do Chega, todos revelam números bastante abaixo. De acordo com os dados ontem disponíveis no site do Parlamento, Filipe Neto protagonizou 111 intervenções e Pedro Frazão teve 107; Bruno Nunes 104 e Rita Matias 100; Rui Afonso, 68; Gabriel Mithá Ribeiro 66 e Jorge Galveias 64..Os que menos se expuseram foram Rui Paulo Sousa (54), Pedro Pessanha (51) e, por último, o principal autor do primeiro programa político do Chega, o ultra liberal Diogo Pacheco de Amorim, com 46 intervenções registadas no plenário..Quanto à produção de projetos de lei, é impossível saber quem fez o quê. Por norma, os doze deputados do Chega assinaram todos os articulados apresentados pelo partido desde março de 2022.