O fundador e primeiro presidente da Iniciativa Liberal (IL), Miguel Ferreira da Silva, que foi eleito deputado da Assembleia Municipal de Lisboa nas eleições autárquicas de 2021, integrando as listas desse partido, trabalha no gabinete do ministro da Presidência, António Leitão Amaro. O despacho de nomeação só foi publicado nesta terça-feira em Diário da República, embora tenha data de 25 de julho e efeitos desde 5 de junho, lendo-se que o antecessor de Carlos Guimarães Pinto na liderança da IL é técnico especialista para Assuntos Jurídicos, tal como fora na legislatura anterior, mas no gabinete do então secretário de Estado-Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim.Nos dados biográficos de Ferreira da Silva, que acompanham o despacho de nomeação, constam as suas habilitações e atividade académica, tal como o percurso profissional, mantendo o vínculo laboral à ERC - Entidade Reguladora para a Comunicação Social, onde é jurista senior, e as suas publicações. Mas não a sua atividade política, como fundador e primeiro presidente da Iniciativa Liberal e enquanto deputado municipal, num mandato que manteve ao longo das duas passagens por gabinetes dos governos de Luís Montenegro - e que só terminará após as eleições autárquicas de 12 de outubro, nas quais não foi incluído nas listas da coligação Por Ti, Lisboa, que agora junta a IL ao PSD e ao CDS.O DN quis saber por que é que Miguel Ferreira da Silva não incluiu nos dados biográficos a atividade partidária - que manteve após deixar a liderança da IL, sendo um dos principais apoiantes de Carla Castro aquando da sucessão de João Cotrim de Figueiredo, na Convenção Nacional de janeiro de 2022, em que a deputada foi derrotada por Rui Rocha -, mas não obteve resposta até à hora de fecho desta edição.Também integrados em gabinetes ministeriais do XXV Governo Constitucional, dois antigos deputados do CDS-PP, incluíram o seu trajeto partidário nos dados biográficos. No caso de Inês Teotónio Pereira, que é assessora de imprensa do Ministério da Presidência, integrando o mesmo gabinete que Miguel Ferreira da Silva, com a categoria de adjunta, o despacho de nomeação, também publicado em Diário da República nesta terça-feira, refere que a ex-jornalista do Independente (e cronista do DN e do Dinheiro Vivo, entre outros títulos) foi deputada do CDS, entre 2011 e 2015, e chefe de gabinete do presidente do partido, Paulo Portas, nos anos de 2009 e 2010. Ao DN, Inês Teotónio Pereira disse que não sabe se a passagem pela Assembleia da República teve alguma influência na sua escolha para assessorar um dos ministros mais influentes deste Governo, ressalvando que “a experiência como titular de um cargo político é sempre uma mais-valia”.No Ministério das Infraestruturas e Habitação, integrado no gabinete de Miguel Pinto Luz, antigo vice-presidente do PSD, tal como Leitão Amaro, permanece o também ex-deputado centrista Hélder Amaral, enquanto técnico especialista. Funções que o próprio disse ao DN envolverem contactos com o Parlamento, negociações com sindicatos e relações externas.Hélder Amaral colocou na sua nota biográfica que foi deputado do CDS em cinco legislaturas, entre outros cargos políticos e partidários, sendo atualmente membro da Comissão Executiva dos centristas, bem como presidente da Distrital de Viseu e candidato a essa Câmara, contra o dinossauro autárquico social-democrata Fernando Ruas.