Morreu João Cravinho, histórico do PS. "Referência ética e política para várias gerações", lembra Pedro Nuno
Morreu João Cravinho, histórico do Partido Socialista. Tinha 88 anos. De acordo com a família, morreu "tranquilamente em casa". A notícia foi confirmada à Antena 1 por fonte da família e por uma fonte do PS.
"Figura histórica do PS, João Cravinho foi uma referência ética e política para várias gerações. Homem de convicções firmes, com um percurso notável ao serviço da democracia", lembrou Pedro Nuno Santos, líder do PS.
Já Marcelo recordou um "político multifacetado que exerceu os mais diversos e exigentes cargos públicos, desde Ministro da República em vários Governos, Deputado à Assembleia da República em várias legislaturas e Deputado ao Parlamento Europeu, onde aliás foi Vice-Presidente".
Nasceu em Angola, em 1936. Formou-se em Engenharia Civil pelo Instituto Superior Técnico, Master of Arts (Economics) pela Universidade de Yale e frequentou durante dois anos o Programa de Doutoramento (D. Phill) da Universidade de Oxford, que deixou após o 25 de Abril.
Foi ministro ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território no XIII Governo Constitucional, chefiado por António Guterres, e ministro da Indústria e Tecnologia no IV Governo Provisório, liderado por Vasco Gonçalves.
Em 2006, enquanto deputado socialista, João Cravinho apresentou um ‘pacote anti-corrupção’, que incluía a polémica proposta de criminalização do enriquecimento ilícito, e que foi rejeitado pela sua própria bancada parlamentar, numa altura em que o líder do PS era o primeiro-ministro, José Sócrates.
Outra proposta de João Cravinho previa colocar sob suspeita uma pessoa cujas declarações de rendimentos não correspondessem ao seu real património. Esta ideia foi também rejeitada pelos socialistas, que argumentaram que se estaria a inverter o ónus da prova.
Foi também membro do Conselho de Estado. De 2007 a 2011, foi administrador do Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD), com sede em Londres.
O seu filho, João Gomes Cravinho, foi ministro da Defesa e dos Negócios Estrangeiros em executivos liderados por António Costa.
Aguiar-Branco destaca “inúmeros cargos de relevo” e Parlamento faz minuto de silêncio
A Assembleia da República assinalou esta quarta-feira a morte do ex-ministro João Cravinho com um minuto de silêncio, após o presidente do parlamento ter destacado os “inúmeros cargos de relevo” que exerceu e os “serviços relevantes” prestados ao país.
A meio das declarações políticas que se estão a realizar hoje na Comissão Permanente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco disse que tinha recebido a notícia da morte de João Cravinho, enaltecendo os “inúmeros cargos de relevo” que exerceu em Portugal.
Foi “membro de vários Governos e nosso colega aqui na Assembleia da República. Prestou serviços relevantes ao país e eu não queria deixar de assinalar, e penso que o posso fazer em nome da câmara, o nosso testemunho de muito respeito e os nossos sentimentos à família e ao PS, em particular”, disse.
Após estas palavras, os deputados levantaram-se e fizeram um minuto de silêncio em homenagem a João Cravinho.
Pedro Nuno Santos lembra "referência ética e política para várias gerações"
Pedro Nuno Santos, líder do PS, já reagiu à morte de João Cravinho, falando numa "referência ética e política para várias gerações" e de um "homem de convicções firmes, com um percurso notável ao serviço da democracia".
Marcelo recorda "político multifacetado"
O Presidente da República lamentou a morte de João Cravinho, um "político multifacetado que exerceu os mais diversos e exigentes cargos públicos, desde Ministro da República em vários Governos, Deputado à Assembleia da República em várias legislaturas e Deputado ao Parlamento Europeu, onde aliás foi Vice-Presidente".
"Destacou-se, ainda, como Presidente da Comissão Independente para a Descentralização. Multifacetado, pautou a sua vida por uma defesa incansável da ética na política e na vida pública, lutando sempre contra a corrupção e desempenhando os mais diversos cargos com desassombro e coragem", acrescentou Marcelo Rebelo de Sousa no site da Presidência da República, tendo apresentado "sentidas condolências à família e amigos, bem como ao Partido Socialista, ao qual pertenceu".
António José Seguro: "
António José Seguro, antigo líder socialistas, lamentou "profundamente" a perda de João Cravinho, destacando que a sua vida "foi marcada pela inabalável luta pela ética na vida pública e pelo combate à corrupção em Portugal".
"João Cravinho partiu, mas o seu exemplo como um incansável defensor da transparência e da integridade na política permanecerá como um exemplo para todos nós", escreveu na sua conta de Facebook, lembrando o "forte empenho pela defesa da causa pública e enorme competência nas áreas em que se envolveu".
Carlos Zorrinho, ex-eurodeputado do PS, também já reagiu à notícia nas redes sociais.
Louçã recorda a participação na "luta anti-fascista"
Francisco Louçã, fundador do Bloco de Esquerda, recordou a participação de Cravinho "na luta anti-fascista". "Homem generoso e empenhado, foi dos primeiros a propor medidas firmes contra a corrupção (e não conseguiu convencer o seu partido). Foi um dos promotores das iniciativas pela reestruturação da dívida pública portuguesa, em que colaborámos intensamente, e procurou sempre manter diálogos à esquerda", disse, acrescentando que "não era homem de desistir", pelo que "será lembrado como uma das grandes figuras da democracia".